04/12/2019 - 20:46
Os especialistas que elaboram o relatório final da Organização de Estados Americanos (OEA) sobre as eleições presidenciais de 20 de outubro na Bolívia detectaram que houve “manipulação dolosa” e destacaram a impossibilidade de validar os resultados.
“A equipe auditora detectou uma manipulação dolosa das eleições”, sentenciaram os especialistas em seu relatório, formulado após denúncias de irregularidade no processo que reelegeu o presidente Evo Morales, obrigado a renunciar em 10 de novembro, em meio à pressão popular.
Morales, que abandonou o poder após perder o apoio dos militares e da polícia, foi substituído três dias depois pela senadora Jeanine Áñez.
Após as eleições de 20 de outubro, a oposição denunciou “fraude” diante de uma paralisação de mais de 20 horas na apuração que mudou a tendência e iniciou uma onda de protestos e confrontos que deixaram 33 mortos e centenas de feridos.
De acordo com os resultados finais divulgados na sexta-feira, 25 de outubro, Morales foi declarado vencedor com 47,08% dos votos, contra 36,51% para o adversário Carlos Mesa. Conforme o sistema eleitoral boliviano, ele foi declarado eleito para um novo mandato sem a necessidade de segundo turno.
Em seguida, a auditoria preliminar da OEA constatou “irregularidades” indicando que o melhor seria a realização de uma nova votação.
No relatório final, os especialistas apontam que a margem de vitória no primeiro turno é “mínima se comparada ao volume de manipulações e alterações detectadas”.
“A partir da esmagadora evidência encontrada, é possível dizer que houve uma série de operações maliciosas destinadas a alterar a vontade expressa nas pesquisas”, aponta o relatório.
A equipe de auditores denunciou ainda a alteração das atas e o redirecionamento do fluxo dos dados para dois servidores ocultos que não eram controlados pelo pessoal do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o que permitiu “a manipulação de dados e das atas”.
O relatório também constatou a “parcialidade da autoridade eleitoral”.
Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia que agora é refugiado no México, buscava um quarto mandato, mesmo após perder um referendo, em 2016, sobre a validade de sua candidatura.