Nos últimos anos, um tema antes pouco comentado ganhou mais visibilidade: a não-monogamia. Trata-se da prática de envolver-se, emocional e sexualmente, com mais de um(a) parceiro(a). Se você se sente atraída por esse conceito, mas faz parte de um casal monogâmico, talvez já tenha cogitado a possibilidade de sugerir um relacionamento aberto. Mas como saber se esse modelo de envolvimento é o ideal para si?

+ 24 sinais de que é hora de colocar um rótulo no relacionamento

+ As 12 razões mais comuns de divórcio

A decisão de abrir o relacionamento deve, naturalmente, ser aceita pelas duas partes de um casal. É preciso notar, entretanto, que mesmo com muito diálogo e honestidade, alguns problemas — como ciúmes e a falta de apoio da sociedade — podem surgir. 

Por isso, a ideia de um relacionamento aberto deve ser intensamente refletida, em todos os seus prós e contras, por você sozinha e em conjunto com seu(ua) parceiro(a). A seguir, saiba o que você deve se perguntar para saber se realmente deseja embarcar na jornada da não-monogamia.

Relacionamento aberto: como saber se você realmente quer um

relacionamento aberto, dois homens e uma mulher deitados de bruços. a mulher está beijando um dos homens enquanto o outro sorri
Pexels

1 — Conheça os significados do termo

De acordo com  a revista “Self”, de onde são as informações, o termo genérico para a maioria dos tipos de relacionamentos abertos é não-monogamia ética. Trata-se de uma dinâmica na qual “transparência e comunicação estão no centro das escolhas que você e seu(s) parceiro(s) fazem”.

O poliamor (ter mais de um relacionamento íntimo ao mesmo tempo) é uma forma de não-monogamia ética, e pode ser hierárquico (quando prioriza-se um relacionamento em detrimento dos demais) ou não-hierárquico.

No swing, outra forma de não-monogamia ética, casais comprometidos se envolvem em atividades estritamente sexuais, juntos, com outros casais ou pessoas solteiras. Casais podem, ainda, envolver-se em encontros casuais com outras pessoas juntos ou começar um relacionamento a três.

Seja como for, a não-monogamia ética diferencia-se dos padrões monogâmicos de relacionamento, e pode ser percebida com estranheza.

2 — Pergunte-se por que você quer isso

Segundo um artigo publicado na revista “Sexologies”, existem oito motivações potenciais para o poliamor, incluindo a satisfação de necessidades não atendidas em um relacionamento monogâmico, expressão de valores políticos e o desejo de pertencer a uma comunidade. Nesse sentido, é importante que você e seu(ua) parceiro(a) entendam o quê, exatamente, estão procurando ao abrir o relacionamento, e identifiquem se essa necessidade não deve ser suprida a dois primeiro.

3 — Saiba que abrir o relacionamento não ‘consertará’ as coisas

A não-monogamia ética deve ser adotada por casais que desejem embarcar na experiência genuinamente, não devendo ser usada como um artifício para “salvar” o relacionamento.

Por exemplo, se seu(ua) parceiro(a) se considera não-monogâmico(a), mas você é adepta à monogamia, experimentar o relacionamento aberto apenas para satisfazê-lo(a) pode comprometer sua identidade e seus desejos pessoais. Isso pode, em última análise, resultar em rompimento ou divórcio.

De acordo com Dulcinea Pitagora, assistente social, o mesmo é verdade para casais que sofrem com problemas matrimoniais, mas estão “muito envoltos ou codependentes para se separar”. 

“Explorar a não-monogamia tende a destacar pontos fortes e fracos nos relacionamentos, o que oferece oportunidades de crescimento pessoal e de relacionamento”, acrescenta Dulcinea. “Junto com esse crescimento pode vir a percepção de que um relacionamento aberto pode ajudar ambos os parceiros a se sentirem mais satisfeitos — ou que o relacionamento não está funcionando.”

4 — Entenda se estabelecer limites será um problema

Os limites existem para a manutenção de qualquer relacionamento saudável. No caso dos relacionamentos abertos, respeitá-los é essencial, afinal, a traição ainda existe.

+ Traição: quais são os limites além do toque?

Discuta com seu(ua) parceiro(a) sobre com quais pessoas vocês poderão se envolver, como vocês dividirão o tempo, se vocês devem contar tudo um para o outro e com o que se sentem desconfortáveis. Se você tem dificuldade em impor limites em seu cotidiano, um relacionamento aberto pode ser um obstáculo a ser superado.

A dica de Dulcinea, nesses casos, é experimentar impor limites no que chama de “situações de baixo risco”, com amigos próximos e em assuntos neutros. Essa imposição pode escalar gradativamente até que você se sinta confortável em conversar com sua pessoa amada sobre um relacionamento aberto.

5 — Reflita sobre como você lida com ciúmes

O ciúme é uma emoção humana completamente normal. Ao abrir o relacionamento, no entanto, você deve estar preparada para se livrar dele completamente. Para isso, o primeiro passo é entender como você lida com ele.

Talvez você tenha surtos de raiva ou torne-se apática, sem vontade de discutir e expor suas opiniões e sentimentos. Você pode, ainda, ignorar o que está sentindo e fingir que tudo está bem quando, na verdade, não está. O portal explica que essas reações são sinais de que seu ciúme pode atrapalhar a comunicação saudável necessária para um relacionamento aberto bem-sucedido.

Seu ciúme pode vir à tona durante um relacionamento aberto, mas isso te dará a oportunidade de refletir sobre o que te fez sentir daquela forma e racionalizar o sentimento, entendendo o que você precisa para se livrar dele.

6 — Especule se você sente que seu valor depende da validação de terceiros

“Os humanos precisam de outros humanos para viver, e sentir-se validado pelo amor dos outros é saudável, independentemente do nível de segurança”, explica Dulcinea. Sentir-se amada e validada por outras pessoas pode fazer com que sua autoestima seja, de alguma forma, fortalecida. 

No entanto, “se alguém depende completamente do amor e da validação de outra pessoa para um sentimento de autoestima, isso pode ser problemático, pois pode não ser capaz de funcionar se essa outra pessoa não estiver mais disponível para fornecer amor e validação”, continua.

Nesse sentido, você deve deixar que seu valor dependa da validação de outras pessoas, e é preciso entender se esse pode ser o motivo pelo qual você procura uma relação aberta.