O governo trabalhista britânico anunciou neste sábado (15) sua intenção de suprimir o acesso automático às ajudas sociais para os solicitantes de asilo, como parte de uma reforma de sua política de acolhimento destinada a combater a imigração irregular.
“Este país tem uma orgulhosa tradição de acolher pessoas que fogem do perigo, mas nossa generosidade atrai os migrantes ilegais através do Canal [da Mancha]”, declarou a ministra do Interior, Shabana Mahmood, citada no comunicado de seu ministério.
Em consequência, “o governo buscará suprimir a ajuda aos solicitantes de asilo, em particular em matéria de alojamento e prestações, para aqueles que têm direito a trabalhar e podem se manter por si mesmos, mas preferem não o fazer, ou para quem infringe a lei britânica”, continua a nota.
O objetivo da medida é fazer com que o Reino Unido seja “menos atrativo” e facilitar as expulsões, segundo o governo.
Os pedidos de asilo alcançaram níveis recorde, com 111.000 registrados este ano até o mês de junho, segundo dados oficiais.
A imigração se tornou um tema central do debate público no Reino Unido.
Diversas manifestações foram organizadas este ano em frente a hotéis que alojam solicitantes de asilo, e um protesto organizado pela extrema direita em Londres, em meados de setembro, reuniu até 150 mil pessoas, segundo a polícia.
O partido Reform UK, dirigido pelo defensor do Brexit Nigel Farage, lidera várias pesquisas de opinião.
Segundo a BBC, o governo britânico poderia ir mais longe ao tornar o status de refugiado temporário, como acontece na Dinamarca.
Assim, os refugiados obtêm uma permissão de residência, geralmente de dois anos e renovável, e são incentivados a retornarem a seus países quando as autoridades considerarem que não há mais necessidade de proteção.
Além disso, o reagrupamento familiar está sujeito a exigências estritas, entre elas testes de idioma para o recém-chegado.
Hoje em dia as pessoas que obtêm o status de refugiado o mantêm durante cinco anos, depois dos quais podem solicitar uma permissão de residência permanente e iniciar um processo de naturalização.
Ao suprimir a permissão de residência permanente, o acesso à cidadania seria mais longo ou até mesmo impossível.
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