Reino Unido se prepara para fim de semana violento depois de 3ª noite de protestos após morte de crianças

Reino Unido se prepara para fim de semana violento depois de 3ª noite de protestos após morte de crianças

"NaPolícia diz esperar mais violência para o fim de semana após esfaqueamento de três meninas. Episódio alimentou ressentimentos anti-imigração e anti-islã, com grupos anti-imigração por trás dos atos.O Reino Unido se prepara para um final de semana caótico e violento com diversos protestos e contra-manifestações previstas na esteira de um ataque a faca no início da semana que matou três meninas. O episódio, que foi cercado por desinformação, tem alimentado sentimentos anti-islã e anti-imigração.

Nesta sexta-feira (02/08), o país viveu sua terceira noite de tumulto após protestos em Sunderland, no norte da Inglaterra, degringolarem. O centro da cidade foi vandalizado e prédios e veículos, incendiados. Três policiais tiveram que ser levados ao hospital, e oito pessoas foram presas por crimes como desordem violenta e roubo.

Para o final de semana, o Reino Unido deve ter outros cerca de 30 protestos – a maioria organizados por grupos de extrema direita –, segundo a emissora Sky News. Manifestações contrárias de movimentos antirracistas também são esperadas.

Na sexta-feira, em Sunderland, veículos locais noticiaram que parte dos manifestantes estava com o rosto coberto. Jovens atiraram tijolos e objetos contra policiais e dispararam fogos de artifício, entrando em confronto com os agentes do lado de fora de uma mesquita, de onde se ouviram insultos contra o Islã e mensagens de apoio a Tommy Robinson, um ativista de extrema direita.

Segundo o deputado de Sunderland Lewis Atkinson, pode haver uma ligação entre a desordem e os remanescentes da Liga de Defesa Inglesa (EDL), fundada em 2009 por Robinson, mas que desde então foi dissolvida. Os apoiadores da EDL continuam ativos.

Um protesto semelhante contra a imigração e uma contramanifestação também foram registrados na cidade de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, perto de uma das mesquitas da cidade.

A Secretária do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, prometeu que os manifestantes "pagariam o preço por sua violência e brutalidade" e pediu à polícia para "garantir que enfrentem toda a força da lei".

Tumultos ocorrem desde esfaqueamento em Southport

Os protestos no Reino Unido começaram após o ataque a faca em um estúdio de dança em Southport, cidade litorânea no noroeste da Inglaterra.

Três crianças morreram e outras dez pessoas ficaram feridas no episódio – das quais oito também são crianças.

O suspeito, Axel R., é um rapaz de 17 anos e filho de imigrantes. Ele foi enviado a um centro de detenção juvenil e comparecerá ao tribunal em outubro.

Desde o ataque, pululam em perfis de extrema direita nas redes sociais falsas alegações de que o suspeito seria um refugiado que chegou ao Reino Unido de barco. Axel, porém, nasceu no Reino Unido.

Protestos violentos eclodiram nos dias seguintes em Southport, em Hartlepool e em Londres.

Nesta sexta-feira, o recém-empossado primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, visitou Southport pela segunda vez e se reuniu com lideranças locais. O líder trabalhista prometeu uma nova resposta "nacional" à desordem, ligando as forças policiais de todo o país por meio de inteligência compartilhada e do uso ampliado de reconhecimento facial.

As forças policiais em todo o país disseram estar preparadas para mais manifestações de extrema direita e contramanifestações durante o fim de semana.

Mesquitas em todo o país também estão em estado de alerta, segundo o Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha.

ra/le (AFP, dpa, Reuters, ots)