Com a pandemia, o governo britânico foi obrigado a revisar seu modelo de gestão de ferrovias para acabar com as franquias privadas, substituindo-as por contratos de concessão, com maior envolvimento do poder público.

“O modelo de privatização adotado 25 anos atrás viu um aumento significativo no número de passageiros, mas esta pandemia mostrou que já não funciona mais”, declarou em comunicado nesta segunda-feira o ministro dos Transportes, Grant Shapps.

A gestão das linhas ferroviárias deixará de ser feita por meio de franquias, que cediam toda a gestão a operadores privados. E a partir desta segunda-feira, será regido por novos contratos de concessão.

Agora, um operador privado poderá administrar uma linha ferroviária em troca do pagamento de uma comissão pelo governo, e terá que cumprir objetivos mais rígidos do que antes.

Esta comissão será inferior à que recebe desde março no âmbito das medidas emergenciais aplicadas para ajudar o setor diante da pandemia de coronavírus.

O governo espera que esse mecanismo seja mais simples e eficiente e permita a recuperação do setor ferroviário, cuja atividade entrou em colapso com a crise sanitária.

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Este modelo será, porém, temporário, segundo alertou o ministério dos Transportes, que pretende preparar um novo sistema quando a evolução da pandemia o permitir.

Este sistema “conservará os melhores aspectos do serviço privado, como concorrência e investimento, mas com uma visão estratégica”, assegurou Shapps.

O governo especificou que essa nova organização vai custar mais caro ao contribuinte no curto prazo, por meio de novos contratos temporários e enquanto o tráfego estiver abaixo do normal. Mas afirmou que a futura reforma será benéfica para as finanças públicas a médio e longo prazo.

O governo teve que alterar o setor depois que, no final de março, foi forçado a assumir temporariamente o controle efetivo das ferrovias do país, para evitar falências.

O custo da medida já atinge 3,5 bilhões de libras (4,5 bilhões de dólares) para enfrentar as perdas relacionadas com a exploração destas linhas neste período.

Este plano continuará até que o novo modelo seja totalmente definido.

Os problemas decorrentes da privatização das ferrovias não são novos no Reino Unido e já vinham antes da pandemia: custos excessivos, atrasos e ineficiências em razão da divisão da exploração.

Nos últimos anos, o governo teve que proceder com a nacionalização de algumas linhas para evitar seu fechamento.

A operação das ferrovias foi privatizada no país em meados da década de 1990, sob o governo conservador de John Major. Atualmente estão divididas em 16 franquias em todo o país e são administradas por uma infinidade de operadoras.


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