O Reino Unido recorda nesta terça-feira (23) o aniversário do primeiro confinamento com um “Dia Nacional de Reflexão”, quando o Parlamento respeitará um minuto de silêncio em homenagem aos 126.000 mortos pela covid-19 no país mais afetado da Europa.

“Um ano depois é justo que tenhamos um momento para refletir sobre o que vivemos como nação”, afirmou Lindsay Hoyle, presidente da Câmara dos Comuns, ao anunciar o minuto de silêncio previsto para 12H00 (local, 9H00 de Brasília). Durante a noite, os britânicos devem acender velas e lâmpadas nas portas e janelas.

A homenagem também servirá como agradecimento ao trabalho dos profissionais da saúde e a todos os britânicos por seu esforço.

“Todos desempenhamos o nosso papel, seja trabalhando na linha de frente como enfermeiro ou cuidador, trabalhando no desenvolvimento e fornecimento de vacinas, ajudando que estas injeções cheguem aos braços, educando nossos filhos em casa, ou simplesmente ficando em casa para evitar a propagação do vírus”, afirmou o primeiro-ministro, Boris Johnson.

Há um ano, o líder conservador anunciou um confinamento inicial de três semanas – que finalmente chegou a três meses – durante o qual escolas e todos os estabelecimentos comerciais “não essenciais” permaneceram fechados. Também foram proibidas as reuniões com mais de duas pessoas.

“A partir desta tarde, devo dar ao povo britânico uma instrução muito simples: devem permanecer em casa”, afirmou, quando o número de mortos no país era 335. Um ano depois o balanço alcança 126.172.

O primeiro-ministro chamou na ocasião a pandemia de “maior ameaça que este país enfrenta em décadas” e disse que o Serviço Nacional de Saúde (NHS), já sobrecarregado, seria incapaz de enfrentar a doença sem medidas radicais.

O Reino Unido registrou a primeira morte por covid-19 em 5 de março de 2020, mas o governo de Johnson foi muito criticado pela falta de agilidade e determinação para frear a propagação em comparação a outros países.

– “Incrivelmente difícil” –

O próprio primeiro-ministro, 56 anos, ficou gravemente doente e teve que ser hospitalizado em abril. Ele passou três dias na UTI e disse que teve medo por sua vida.

O príncipe Charles, de 72 anos, herdeiro do trono britânico, também contraiu a doença no início da pandemia, mas afirmou que teve sintomas leves.

Para o ministro da Saúde, Matt Hancock, este “foi um ano incrivelmente difícil, provavelmente o mais duro de toda uma geração”.

“E é essencial aprender com ele”, disse nesta terça-feira ao canal Sky News.

Johnson prometeu que o primeiro confinamento mudaria a situação, mas o país teve que retornar ao confinamento durante quatro semanas em novembro – mas as escolas permaneceram abertas – e de novo após o Natal, em um terceiro fechamento total que começou a ser flexibilizado em 8 de março.

O Executivo aposta agora que sua grande campanha de vacinação, que já chegou a 28 milhões de pessoas, mais da metade dos adultos, permitirá o fim de todas as restrições progressivamente até 21 de junho.