Com a morte da rainha Elizabeth II, na quinta-feira (8), outros 14 países, além do Reino Unido, perderam a sua chefe de Estado. O rei Charles III, que assumiu a coroa no lugar da mãe, também será responsável por representar esses países.

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Dos 56 países que compõem a Commonwealth – grupo de nações cujos os territórios faziam parte do Império Britânico -, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Jamaica, Bahamas, Papua Nova Guiné, Antígua e Barbuda, Belize, Granada, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu são os que permanecem ligados diretamente à monarquia britânica, apesar de serem independentes.

O chefe de Estado faz um papel muito mais protocolar nas nações. Uma das razões para a existência da coroa como chefe de Estado é se impor acima da política, acima de divisões entre esquerda e direita e temas polêmicos, de modo que ela seja uma espécie de farol de estabilidade para essas nações”, explicou o economista e professor de Relações Internacionais Igor Lucena.

Já o professor de Relações Internacionais da USP Kai Enno Lehmann destaca que a função do rei nesses países não é muito diferente daquilo que ele faz no Reino Unido. “É um papel praticamente cerimonial e que não interfere na condução política do dia a dia do país”, afirmou.

Nos últimos anos, alguns países, como Jamaica e Bahamas, sinalizaram o desejo de deixar o governo real e se tornarem repúblicas. Em junho deste ano, o então príncipe Charles declarou que os Estados-membros da Commonwealth são livres para deixar a monarquia.

“Quero dizer claramente, como já disse antes, que o regime constitucional de cada membro, como república ou monarquia, depende exclusivamente da decisão de cada Estado-membro”, afirmou durante uma reunião de chefes de governo da Commonwealth, em Ruanda.

Na ocasião, o membro da família real também expressou “tristeza” pelo passado escravista britânico. “Não posso descrever minha tristeza pessoal pelo sofrimento de tantas pessoas, enquanto continuo aprofundando minha compreensão dos efeitos duradouros da escravidão”, disse ele no evento.

Lucena explica que alguns países, como Austrália e Nova Zelândia, veem como um privilégio ter o rei do Reino Unido como chefe de Estado. “Nesses países ele tem papel preponderante, e por mais que tenham se tornado independentes, a ligação com a coroa britânica é muito forte”, explicou.

No entanto, para parte dos países africanos e do Caribe, a situação pode ser encarada como uma “espécie de neocolonialismo”. “Nem todas essas nações veem com bons olhos o rei da Inglaterra como chefe de Estado”, acrescentou.

Para Lehmann e Lucena, o maior desafio do rei deve ser convencer os países da relevância do grupo. “Ele deve mostrar qual o sentido da manutenção dele como chefe de Estado. Ele vai ter que convencer esses estados de que a monarquia tem uma relevância para estes países e que serve um determinado objetivo, seja qual for”, ressaltou o professor da USP.

Mesmo que deixem de ter o rei como chefe de Estado, esses países podem continuar fazendo parte do Commonwealth. Conforme Lucena, algumas das vantagens de pertencer ao grupo é a institucionalização das relações entre os países membros e o Reino Unido, que pode favorecer o comércio, a entrada de investimento e as relações diplomáticas.

“No entanto, com o Brexit [a saída do Reino Unido da União Europeia], a Commonwealth perde um pouco da importância, já que há uma perda da importância internacional do Reino Unido e um isolamento em relação ao bloco europeu”, destacou o economista.

Lehmann e Lucena também destacaram que em um primeiro momento, Charles III deve se voltar para os problemas envolvendo o próprio Reino Unido.

“Inicialmente, o foco principal vai ser doméstico. Ele vai querer se apresentar aos britânicos, pois ele não tem a mesma popularidade da mãe dele, e deve focar nas crises internas políticas, econômicas e sociais”, observou Lehmann.

Veja a lista dos 56 países da Commonwealth

  • África do Sul,
  • Antígua e Barbuda,
  • Austrália,
  • Bahamas,
  • Bangladesh,
  • Barbados,
  • Belize,
  • Botswana,
  • Brunei,
  • Camarões,
  • Canadá,
  • Chipre,
  • Cingapura,
  • Dominica,
  • Fiji,
  • Gabão
  • Gâmbia,
  • Gana,
  • Granada,
  • Guiana,
  • Ilhas Salomão,
  • Índia,
  • Jamaica,
  • Kiribati,
  • Lesoto,
  • Malawi,
  • Malásia,
  • Maldivas,
  • Malta,
  • Maurício,
  • Moçambique,
  • Namíbia,
  • Nauru,
  • Nova Zelândia,
  • Nigéria,
  • Paquistão,
  • Papua Nova Guiné,
  • Quênia,
  • Reino Unido,
  • Ruanda,
  • São Cristovão e Nevis,
  • Santa Lúcia,
  • São Vicente e Granadinas,
  • Samoa,
  • Seychelles,
  • Serra Leoa,
  • Sri Lanka,
  • Suazilândia (Reino de Eswatini),
  • Tanzânia,
  • Togo,
  • Tonga,
  • Trinidad e Tobago,
  • Tuvalu,
  • Uganda,
  • Vanuatu,
  • Zâmbia


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