Rei da Espanha denuncia ‘sofrimento de centenas de milhares de inocentes’ em Gaza

O rei da Espanha, Felipe VI, denunciou nesta terça-feira (16) a “insuportável” crise humanitária na Faixa de Gaza, que provocou “o sofrimento indescritível de centenas de milhares” de pessoas, em um discurso durante uma viagem ao Egito.

Felipe VI declarou que o último episódio deste conflito, que começou com o ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023, resultou “em uma crise humanitária insuportável, o sofrimento indescritível de centenas de milhares de inocentes e na total devastação de Gaza”.

“Esta viagem ocorre em um momento conturbado e trágico na região”, disse o monarca, que é chefe de Estado, mas faz poucas declarações e quase nunca toma posição, já que a Casa Real afirma manter uma neutralidade política.

O governo espanhol, presidido pelo socialista Pedro Sánchez, reconheceu o Estado Palestino em maio de 2024, junto com a Irlanda e a Noruega, e tornou-se um dos executivos da UE mais críticos ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

A crescente tensão diplomática foi exacerbada após o cancelamento da etapa final da Volta da Espanha no domingo, depois que cerca de 100 mil manifestantes pró-Palestina invadiram o percurso da prova de ciclismo em Madri.

Sánchez – que preside um governo de coalizão de esquerda – declarou sua “profunda admiração” pela mobilização e sugeriu excluir Israel das competições internacionais “até que a barbárie cesse”.

Israel não tem embaixador na Espanha desde o reconhecimento do Estado palestino.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores espanhol convocou sua embaixadora em Tel Aviv para consultas em 8 de setembro, após os crescentes conflitos de declarações cada vez mais duras entre os dois governos. O gabinete de Sánchez havia anunciado novas medidas para “acabar com o genocídio em Gaza”, entre elas, não vender nem comprar armas de Israel.

Em 7 de outubro de 2023, combatentes islamistas mataram em Israel 1.219 pessoas, a maioria delas civis, segundo um levantamento da AFP baseado em fontes oficiais.

Além disso, sequestraram 251 pessoas, das quais 47 continuam reféns em Gaza. Destas, 25 teriam morrido, de acordo com o exército israelense.

A campanha de retaliação israelense já deixou mais de 64.900 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, segundo dados do Ministério da Saúde local, considerados confiáveis pela ONU.