Reguladores financeiros precisam urgentemente lidar com “Big Techs”, diz BIS

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Ícones de aplicativos de Google, Amazon, Facebook, Apple e Netflix em celular Foto: REUTERS/Regis Duvignau

Por Marc Jones

LONDRES (Reuters) – Bancos centrais e reguladores financeiros precisam urgentemente lidar com a crescente influência das grandes empresas de tecnologia, de acordo com autoridades do Banco de Compensações Internacionais (BIS), organização que coordena e auxilia bancos centrais.

Entidades fiscalizadoras mundiais estão cada vez mais preocupadas de que a enorme quantidade de dados controlada por grupos como Facebook, Google, Amazon e Alibaba, possa permitir a essas empresas que reformulem as finanças rapidamente, contribuindo para desestabilizar sistemas bancários por completo.

Em um artigo liderado pelo chefe do BIS, Agustín Carstens, a organização apontou como exemplo a China, onde duas grandes empresas de tecnologia de pagamento agora respondem por 94% do mercado de pagamentos online.

Em muitas outras jurisdições, empresas de tecnologia também estão rapidamente ocupando território, com algumas inclusive emprestando dinheiro para pessoas físicas e pequenas empresas, além de oferecerem serviços de seguros e gestão de patrimônio.

“A entrada de gigantes de tecnologias em serviços financeiros dá origem a novos desafios em torno da concentração de poder de mercado e governança de dados”, disse o estudo do BIS publicado nesta segunda-feira.

Há espaço para “regras específicas baseadas em entidades”, notávelmente na União Europeia, China e Estados Unidos, acrescentou.

“Qualquer impacto sobre a integridade do sistema monetário decorrente do surgimento de plataformas dominantes deve ser uma preocupação fundamental para o banco central.”

Stablecoins – criptomoedas atreladas às moedas existentes – e outras iniciativas de Big Techs podem ser “uma virada de jogo” para o sistema monetário, acrescentou o artigo, caso essa entrada leve a sistemas de circuito fechado reforçados por efeitos de rede de dados extraídos de mídias sociais ou plataformas de comércio eletrônico.

Isso poderia levar a uma fragmentação das infraestruturas de pagamento em detrimento do bem público. “Dado o potencial para mudanças rápidas, a ausência de plataformas dominantes atualmente não deve ser uma fonte de conforto para os bancos centrais”, disse o artigo.

“Bancos centrais e reguladores financeiros devem investir com urgência no monitoramento e na compreensão desses desenvolvimentos”, acrescentou. “Desta forma, eles podem estar preparados para agir rapidamente quando necessário.”

(Por Marc Jones)

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