Uma semana depois do início das inundações na África do Sul que fizeram 442 mortos, os habitantes da costa de Durban, no Oceano Índico, continuavam sem água e luz nesta segunda-deita (18).

Após as fortes chuvas que atingiram durante uma semana a província de KwaZulu-Natal, o exército sul-africano anunciou nesta segunda-feira que mobilizará 10.000 soldados para as buscas, operações de limpeza, transporte de equipamento e ajuda humanitária.

A chuva deu uma trégua desde domingo, mas milhares de pessoas perderam tudo quando suas casas foram inundadas.

Caminhões-pipa trabalham na distribuição de água, mas há localidades com difícil acesso devido a ruas bloqueadas e pontes derrubadas.

Segundo o prefeito da cidade, Philani Mavundlda, cerca de 80% da rede de distribuição de água potável está fora de serviço e sua retomada deve levar um tempo.

O exército anunciou a mobilização de 10.000 soldados, incluindo bombeiros e eletricistas.

O exército fornecerá apoio aéreo e colocará em serviço sistemas de purificação de água. Tendas serão instaladas para fornecer abrigo de emergência aqueles que ficaram sem teto.

Tropas com helicópteros já vinham atuando nos últimos dias ao lado da polícia e dos socorristas nas operações de emergência.

Os socorristas seguem em alerta, “mas as operações de resgate já terminaram. Agora são de busca e recuperação”, explicou à AFP Dave Steyn, coordenador de uma das equipes.

Uma semana depois do início da catástrofe, as possibilidades de encontrar sobreviventes são mínimas. Alguns corpos arrastados pelas correntes foram encontrados em barragens.

Uma mulher e seus três filhos foram encontrados mortos depois que o carro em que estavam foi arrastado pela água, segundo a mídia local.

Funerais foram organizados em toda a cidade. As autoridades tentam aceleram o trabalho de necrópsia, uma vez que os necrotérios enfrentam um afluxo importante de corpos.

Nas praias de Durban, que costumam ficar tomadas por famílias e turistas, as águas claras e azuis se transformaram uma lama marrom, cheia de escombros.

Na terça-feira, as crianças deveriam voltar às aulas depois do feriado da Páscoa, mas as autoridades informaram que ao menos 270.000 crianças não poderão retornar devido aos danos nas instituições de ensino.

Segundo o balanço das autoridades, mais de 4.000 casas ficaram destruídas e 13.500 foram danificadas. Muitos hospitais e mais de 550 escolas foram afetadas.

“Serão necessários bilhões para reconstruir a província após este desastre”, disse o ministro-chefe da província, Sihle Zikalala.

Uma primeira estimativa só para a reparação de infraestruturas rodoviárias chega a cerca de 354 milhões de euros (5,6 bilhões de rands).

Um fundo de emergência do governo de 63 milhões de euros (um bilhão de rands) foi liberado.

A região já experimentou uma destruição maciça em julho durante uma onda sem precedentes de tumultos e saques.

Nações vizinhas como Madagascar ou Moçambique são regularmente atingidas por tempestades mortais, mas a África do Sul geralmente é poupada desses eventos climáticos extremos.