O governo brasileiro quer criar um programa para que o setor privado nacional banque parte dos esforços para receber refugiados. O projeto é inspirado na experiência do Canadá, onde mais de 9 mil empresas e grupos privados já bancam a política de refúgio do país.

Gustavo Marrone, secretário de Justiça do governo federal, explicou ao Estado que sua equipe já esteve com o embaixador do Canadá em Brasília para obter informações sobre como a iniciativa funcionou no país norte-americano e quer, agora, replicar o projeto no Brasil.

Num primeiro momento, será o governo federal quem colocará recursos em projetos de integração desses refugiados. Neste ano, serão colocados à disposição R$ 1,5 milhão para que entidades possam usar em projetos específicos, como o de treinamento e língua portuguesa. Em 2017, mais um lote de R$ 1,5 milhão será oferecido por Brasília.

“Com esse financiamento do estado, nosso objetivo é de que ele seja agora replicado e que a iniciativa privada possa participar, como é no Canadá”, explicou Marrone. “O modelo canadense é o mais bem sucedido que temos e precisamos nos espelhar onde as coisas deram certo”, completou.

Hoje, no Brasil, cerca de 8 mil estrangeiros são oficialmente considerados como refugiados. Mas outros 26 mil aguardam para que seus casos sejam julgados. Além disso, em 2017, o Brasil espera receber mais 3 mil sírios.

No Canadá, a lei permite que companhias, comunidades ou qualquer outro grupo possa diretamente patrocinar um programa de reassentamento. Hoje, 40% de todos os refugiados que vivem no Canadá são beneficiados por patrocínios privados, e não pelo estado. Essas empresas podem escolher em pagar por transporte, custos médicos, aluguéis ou mesmo ajudar crianças nas escolas para garantir a integração.

Existem também casos de empresas que anunciam o patrocínio direcionado a uma nacionalidade. A companhia Danby, por exemplo, prometeu US$ 1,5 milhão para reassentar 50 famílias sírias.

No total, 9 mil grupos privados canadenses atuam de alguma forma em patrocínio de refugiados e essas ações humanitárias passaram a fazer parte dos programas de responsabilidade social de companhias, antes focadas quase que exclusivamente em temas de meio ambiente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.