Congressistas de partidos assediados pela gestão Lula, como o PP de Arthur Lira, Republicanos e até algumas lideranças do PL, apostam que haverá uma reforma ministerial após o Carnaval para a acomodação de novos aliados dispostos a compor a base do governo no Congresso. O “gesto” é aguardado porque as primeiras siglas atraídas pelo presidente, como o União Brasil, o PSD e o MDB, tendem a não entregar todos os votos das bancadas. A título de exemplo, um cálculo do Ministério das Relações Institucionais, compartilhado com parlamentares, aponta que, dos 42 deputados emedebistas, somente 27 estão “fechados” com Lula. Por esses cálculos, o governo precisaria ter mais uns 80 deputados “firmes” para obter a maioria necessária para reformas constitucionais, de 308 votos.

Estatais

Além de ministérios, esses grupos querem que as nomeações para cargos do segundo e terceiro escalões sejam destravadas, sobretudo em estatais como a Codevasf, Dnocs, FNDE e Correios. A recriação da Funasa, com R$ 2,9 bilhões em Orçamento e 26 superintendências, por exemplo, está pronta para receber apadrinhados de Lira, sedentos por afagos.

Verbas

A ampliação da base junto ao Centrão passa também pelo apetite desse grupo fisiológico por verbas. Embora as emendas de relator tenham sido proibidas pelo STF, o valor de R$ 19 bilhões foi dividido em duas partes. Metade ficou para emendas individuais e a outra metade para o orçamento dos ministérios. É nesse quinhão que eles querem avançar.

Damares isolada

Roque de Sá

Apesar de os senadores torcerem o nariz para Sergio Moro, o ex-juiz não deve ficar tão isolado no Salão Azul como se imaginava. A aposta é de que a “estranha no ninho” será Damares Alves, voz mais estridente do bolsonarismo na Casa. Na eleição para a presidência, a ex-ministra sequer era cumprimentada e foi a primeira a deixar o plenário depois da derrota de Rogério Marinho para Rodrigo Pacheco.

Retrato falado

“Foi uma Operação Tabajara, o que mostra o quão rídículo chegamos na tentativa de um golpe no Brasil” (Crédito:Divulgação)

Alexandre de Moraes, presidente do TSE, classificou como “Operação Tabajara” os detalhes da tentativa de golpe de Estado que lhe foram relatados pelo senador Marcos Do Val, envolvendo o então presidente Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira. Como o senador contou pelo menos quatro versões diferentes sobre a trama, o ministro do STF mandou investigar o parlamentar também por prática dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.

Toma lá dá cá

Orlando Morando, prefeito de São Bernardo (Crédito:Divulgação)

Como tem sido sua relação com o novo governador?
Tenho tido uma boa relação com o Tarcísio e nossos governos têm mantido diálogo constante sobre obras em andamento em São Bernardo com apoio do estado.

Os projetos prioritários de São Bernardo com a ajuda do governo estadual continuarão?
Temos diversos projetos em parceria com o estado já em andamento e Tarcísio se mostrou comprometido em dar continuidade a cada um deles.

Apesar de pertencerem a partidos distintos, é possível realizar um trabalho conjunto?
Sem dúvida. O PSDB tem uma história com São Paulo e sempre vai trabalhar pelo melhor do estado. Tarcísio está focado em fazer um governo realizador e vamos colaborar para que as melhorias avancem.

Atração fatal

A reeleição exerce uma verdadeira fascinação sobre os políticos brasileiros. Eles se apegam ao poder com tamanha obstinação que depois sempre desejam um mandato a mais na tentativa de se eternizarem no comando do País. Começou com FHC, que, perto de voltar para casa, aprovou a reeleição a toque de caixa para ficar mais quatro anos no cargo. Dilma quebrou o País por um novo mandato. Bolsonaro cometeu vários crimes tentando se perpetuar. Ao ser eleito pela terceira vez, Lula disse que não disputaria outro mandato, mas a promessa não durou um mês. Em entrevista para a Rede TV!, o petista já admite disputar a reeleição em 2026, quando terá 80 anos. Terá saúde?

Exemplo de Biden

Lula, que neste sábado se encontra com Joe Biden em Washington, segue praticamente o mesmo ritual do presidente americano. Quando assumiu o governo dos EUA em 2020, Biden, que tem 80 anos, disse que não disputaria novo mandato, mas não faz outra coisa do que sonhar com mais quatro anos na Casa Branca.

Traições no PSD

O apoio de Nelsinho Trad (PSD-MS) a Rogério Marinho (PL-RN) na eleição pela presidência do Senado deixou rusgas no partido de Gilberto Kassab. Uma ala da bancada pessedista defende até mesmo a saída do parlamentar do partido pela demonstração de alinhamento ao bolsonarismo mesmo após os atos de vandalismo e terrorismo de oito de janeiro.

Jefferson Rudy

Rixa no Amapá

Ao mesmo tempo em que ninguém encontra uma explicação plausível para Trad preferir Marinho a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), senadores comentam que a dissidência de Lucas Barreto (PSD-AP) já era esperada, em razão da rixa política antiga entre ele e Davi Alcolumbre no Amapá. Afinal, o senador do União Brasil era o principal articulador de Pacheco.

CPI racha base de Lula

Fátima Meira

Lula é contra convocar uma CPI para investigar os atos terroristas de oito de janeiro, mas alguns parlamentares da base governista insistem na necessidade de se criar uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a tentativa de golpe mais a fundo. É o caso do senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid. “O inimigo é o mesmo: o ódio, a mentira, a morte e a milícia.”

Rápidas

* Embora o ano legislativo tenha começado há apenas uma semana, já tramitam na Câmara sete projetos de lei sugerindo a instituição de 8 de janeiro no calendário como o Dia Nacional de Defesa da Democracia. Acham que a medida ajudará o regime democrático a se tornar “maduro”.

* O ministro da Casa Civil, Rui Costa, está encarregado de organizar os eventos que serão realizados para marcar os 100 dias de governo. Entre outras coisas, será lançado um novo PAC, com foco na geração de empregos.

* Depois da viagem aos Estados Unidos neste final de semana, o Itamaraty já está preparando os últimos detalhes para a visita de Lula à China, que acontecerá em março. O petista terá encontro com o presidente chinês Xi Jinping.

* Futuro membro do Comitê de Ética do Senado, Otto Alencar (PSD-BA) defende a abertura de processo contra o senador Marcos Do Val, para apurar sua participação em tentativa de golpe com Bolsonaro. Pode ser cassado.