De uns tempos para cá, o sistema político brasileiro tornou-se completamente disfuncional. Não que ele funcionasse às mil maravilhas antes, mas o que era ruim ficou péssimo. O problema não é exclusividade brasileira. Mesmo países aonde o sistema político andava bem vivem hoje o mesmo problema. Migramos para o mundo on-line e para redes sociais que funcionam como caixas de ressonância de pessoas com opiniões parecidas com as nossas. Escutamos e lemos quem pensa como nós e concluímos que quase todos pensam assim, exatamente da mesma forma que grupos que pensam o oposto de nós concluem que quase todos pensam como eles. Políticos carismáticos manipulam, inflamam e exacerbam estas percepções para se blindarem das consequências de qualquer escândalo que lhes envolva. Suas respectivas tribos são convencidas de que qualquer evidência contra eles apenas pode ser manipulação de opositores, da mídia ou da Justiça.

E assim, acabamos com uma sociedade ultrapolarizada, com presidentes, governadores e prefeitos reféns do legislativo, com uma incapacidade de avançar reformas importantes para modernizar o País e tornar os brasileiros mais prósperos, com uma Justiça politizada e intervencionista e com grupos de mídia parciais que mancham a imagem de toda a mídia. Uma reforma eleitoral poderia ajudar a reverter este quadro, que ainda é agravado pelo sistema de eleições em dois turnos, que reforça a polarização e posiciona, já no início do mandato, uma grande parte do eleitorado e do legislativo contra quem acabou de eleger-se.

Minha proposta: fim do 2º turno. Cada eleitor teria direito a dois votos, um positivo e outro negativo direcionado ao candidato que não deve, de jeito algum, ser eleito

Minha proposta: acabamos com o 2o turno e para cada cargo majoritário, cada eleitor teria direito a dois votos, um positivo para o seu candidato preferido e outro negativo para quem ele não quer que, de jeito algum, que seja eleito. O eleito seria o candidato com a soma de votos mais positiva. Esse sistema forçaria os políticos a não apenas buscar atender os anseios de um determinado eleitorado, mas também a não alienar completamente outra parte do eleitorado, favorecendo políticos que nos unam e não os que nos colocam uns contra outros. Isso ajudaria muito a melhoria da governabilidade de eventuais eleitos,
o que os tornaria menos cooptáveis por interesses escusos de partes do legislativo, como acontece há tempos no Brasil.

Para evitar que o sistema fosse manipulado com o lançamento de candidaturas absurdas à esquerda ou à direita apenas para atrair votos negativos, poderia ser incluída uma barreira mínima de representação no legislativo para que os partidos pudessem lançar candidatos aos cargos majoritários, o que, aliás, também ajudaria a garantir a governabilidade dos futuros eleitos.