Desde que o zagueiro Rodrigo Caio voltou aos treinos com o elenco do São Paulo, na semana passada, duas coisas têm sido ditas sobre ele por praticamente todas as cabeças mais importantes do clube: primeiro, que se trata de um reforço para o decorrer da temporada. Segundo, que apesar da importância para o clube, terá de suar a camisa para cavar espaço novamente na equipe.

Seria como se o jogador de 24 anos, mesmo com moral, tivesse voltado para o fim da fila na lista de opções para a zaga. Titular do setor em boa parte das últimas seis temporadas – está no clube há 12, contando a formação nas categorias de base -, ele virou a quarta alternativa na posição, atrás de Arboleda, Bruno Alves e Anderson Martins.

“Rodrigo Caio está praticamente preparado para voltar, estar à disposição, é um jogador com muita qualidade, com alto nível, que vamos utilizar. Vamos ver o que mostra não só nos treinos, mas vai ter a oportunidade de jogar e, aí, vai brigar por um lugar no time como todos. É um reforço tê-lo novamente à disposição”, comentou o técnico uruguaio Diego Aguirre, na última terça-feira.

O recado não poderia ter sido mais direto. Mas não foi exclusivo do treinador. A diretoria também enxerga dessa forma a situação. “Hoje, ele tem de brigar pela vaga. Mas tem o nosso máximo respeito pela pessoa que é. E tem talento. Fez mais de 150 jogos pelo São Paulo”, comentou o superintendente Diego Lugano, durante evento no Morumbi na terça passada, um dia antes de Rodrigo Caio voltar a trabalhar com os demais companheiros, finalizado o processo de recuperação da lesão no pé esquerdo responsável pelo cenário atual.

ANO DIFÍCIL – O zagueiro viveu a expectativa de ser chamado pelo técnico Tite para a seleção brasileira que foi à Copa do Mundo da Rússia. Não só se frustrou com a preferência pelo gremista Pedro Geromel na convocação final como ainda se machucou gravemente no final de abril, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, em jogo contra o Ceará. Inicialmente, o São Paulo descartou operá-lo, mas, em maio, não teve jeito e o atleta entrou na faca.

Para o azar dele, o final do período de recuperação da cirurgia para corrigir uma instabilidade ligamentar no pé esquerdo coincidiu com a ascensão da equipe na temporada. É difícil de imaginar Rodrigo Caio recuperando a titularidade tão cedo.

Como consequência da falta de lugar no time, surgem novas especulações a respeito de ofertas para ele deixar o clube do Morumbi, que já foram mais frequentes em outros tempos. “Se vier uma proposta boa para o São Paulo e para o jogador, vamos conversar. Se não tiver que sair, não vai sair e vamos trazê-lo com a gente. O problema dentro de campo, é ele que tem de resolver. Fora, somos nós”, disse o coordenador de futebol são-paulino, Ricardo Rocha.

“A gente, no momento, com a recuperação dele, pensa nele com o São Paulo. É mais um jogador de seleção no São Paulo”, elogiou Raí, o homem forte da diretoria, em tentativa clara de valorizar o ativo do clube. Mesmo que tal ativo esteja desvalorizado no momento.