A Rede, do Itaú Unibanco, anunciou nesta quarta-feira, 1º de maio, que a taxa cobrada nas transações de crédito à vista para pagamento em dois dias (antecipação) será de até 3,49% para lojistas com faturamento mensal até R$ 10 mil e conta no banco, conforme o diretor-presidente da empresa, Marcos Magalhães. O custo médio para antecipar esses recursos, tradicionalmente pagos em 30 dias, no mercado é de ao menos 4,0% referente à taxa de desconto (MDR, na sigla em inglês) acrescidos de mais 3,1% para recebê-los em dois dias.
Os lojistas com faturamento acima de R$ 10 mil mês podem ter, conforme Magalhães, condições melhores para receberem as transações de crédito à vista em dois ao invés de 30 dias.
“Os 3,49% serão uma taxa teto. É nossa oferta padrão e não negociada. Vamos negociar condições específicas e melhores para os demais”, explicou o diretor-presidente da Rede, em teleconferência com jornalistas, nesta tarde.
O anúncio é um detalhamento das condições da ofensiva anunciada pela Rede no último dia 17 de abril para isentar a antecipação do crédito à vista para lojistas que faturam até R$ 30 milhões ano e com conta no Itaú Unibanco. As novas condições valem para clientes atuais e novos a partir de amanhã, dia 2 de maio, conforme já divulgado pela adquirente, mas já estarão disponíveis no site da companhia na noite de hoje, no conteúdo aberto.
Enquanto no crédito à vista para pagamento em dois dias será de 3,49%, no débito a taxa da Rede ficará em 1,99%. No parcelado sem juros, conforme Magalhães, a taxa de desconto ao lojista será de 3,49% mais 1,99% para antecipação por parcela. A empresa não abre as taxas cobradas anteriormente.
Esses clientes ainda têm de arcar com o aluguel mensal de R$ 69,00 da maquininha. Os lojistas que faturarem acima de R$ 5 mil por mês e optarem pela antecipação de recebíveis também do parcelado sem juros ainda poderão contar com a isenção do aluguel da maquininha.
Para exemplificar os ganhos dos clientes com a nova oferta, que gerou barulho no mercado e derrubou as ações das concorrentes listadas em bolsa, a Rede fez simulações nos variados perfis de clientes que são alvo da oferta. A economia pode variar de R$ 68,00 a R$ 260,00 por ano para aqueles que faturam R$ 1 mil por mês. Na outra ponta, lojistas com faturamento até R$ 30 milhões ano poderão economizar entre R$ 126,8 mil a mais de R$ 200 mil ano, conforme simulações feitas pela própria empresa.
Os intervalos dos benefícios a serem capturados pelos clientes, de acordo com Magalhães, ocorrem porque depende do uso das maquininhas da Rede por parte de cada cliente. No piso, são considerados apenas os ganhos com isenção da antecipação de recebíveis do crédito à vista. Já no teto, levam em conta também as demais transações com cartões, considerando as taxas médias cobradas no mercado.
Condições bancárias
Para rebater críticas de que compensaria o movimento de isenção na antecipação de recebíveis no crédito à vista dos clientes da Rede com ganhos de tarifas bancárias – já que a promoção estabelece a condição de ter conta corrente para receber os pagamentos no banco, o Itaú anunciou ainda uma oferta específica para pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEIs). No caso dos indivíduos, o banco decidiu liberar sem cobrança, além do pacote básico de serviços para esse público, transferências eletrônicas (TEDs e DOCs) para mesma titularidade. Assim, o cliente fica livre para transferir os recursos se assim desejar.
Já os MEIs que forem clientes da Rede passaram a contar com uma oferta específica de conta corrente a partir de R$ 25,00. Antes, o custo era de no mínimo R$ 81,00. Neste pacote, conforme o diretor de produtos do Itaú, André Daré, foram mantidos os mesmos serviços e ainda isentadas as transferências eletrônicas de mesma titularidade. “Nenhum banco cobra R$ 25,00 com o pacote que oferecemos”, garantiu Daré, também presente na teleconferência que o Itaú fez na tarde de hoje para divulgar as novas condições.
Magalhães, da Rede, explicou que a ofensiva do banco junto a pessoas físicas e MEIs já estava prevista quando do anúncio da isenção da antecipação de recebíveis, em abril, e não se traduz em um ataque somente a este público. “Queremos o varejo como um todo. Não miramos um segmento específico. Queremos trabalhar todos os segmentos com faturamento de até R$ 30 milhões por ano”, disse o executivo, que emendou: “É releitura geral do nosso reposicionamento para varejo”.
Ao fazer um “mea-culpa”, o diretor-presidente da Rede disse que o anúncio conjunto das condições bancárias juntamente com as das maquininhas poderia ter evitado críticas e questionamentos em torno da ofensiva da companhia junto ao pequeno e médio varejo. O anúncio da número dois do setor provocou a queda das ações das concorrentes listadas em bolsa e foi parar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que questionou o grupo sobre a ofensiva após receber queixas de players menores.
“Desde o começo estava no plano do banco de varejo fazer uma oferta diferenciada e competitiva para pessoas físicas e empreendedores individuais”, garantiu o executivo, acrescentando que tanto os canais da Rede quanto os do Itaú estão preparados para orientar os clientes a partir de amanhã, quando as novas condições começam a valer.