A rede estadual de São Paulo caiu no ranking de qualidade da educação em todos os níveis de ensino: fundamental (1.º ao 9.º ano) e ensino médio, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados nesta quarta-feira, 14. O governo paulista diz que os resultados reforçam o diagnóstico prévio que apontou defasagem na aprendizagem e afirma adotar medida de melhorias. A capital também teve resultado negativo e também afirma que já tem adotado medidas de reforço.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Estado de São Paulo ocupava o segundo lugar do ranking em 2019. Em 2023, passou a ser o sexto colocado; nos anos finais, o Estado paulista era o líder em 2019 e caiu para a sexta posição em 2023. No médio, era o 5.º melhor em 2019 e passou para a 8.ª posição no ano passado.
A comparação dos resultados com o período anterior à pandemia (2019) ocorre pelo fato de que, em 2021, os resultados do índice ficaram abaixo do esperado, desviando a curva de evolução, por causa dos efeitos do ensino remoto na aprendizagem. Nos anos iniciais, a nota da rede paulista ficou em 6,2. A liderança ficou com o Ceará, que obteve pontuação de 7,7. Ficaram ainda à frente Paraná, Goiás, Espírito Santo e Piauí. Em 2019, apenas o Paraná havia superado as escolas estaduais paulistas nesta etapa.
Nos anos finais, São Paulo deixou o posto de liderança que ocupava com Goiás (que manteve a liderança nesta etapa e no médio) para chegar à sexta posição no ano passado. No período, a nota variou de 5,2 para 5,1, enquanto a rede estadual goiana cresceu de 5,2 para 5,5. No ensino médio, a nota paulista variou de 4,3 em 2019 para 4,2 em 2023. Enquanto há cinco anos a rede de São Paulo ocupava a quinta posição, no ano passado sete redes estaduais ficaram à frente das escolas paulistas.
Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), “os resultados da edição 2023 do Ideb reforçam o diagnóstico feito pelo governo do Estado no início da gestão, que aponta defasagem na aprendizagem e a necessidade de implementar medidas para recuperar o déficit acumulado”. E diz que as principais ações para recuperar esse déficit foram implementadas desde o segundo semestre do ano passado, citando: apoio à alfabetização na idade certa, recuperação semestral com foco na recomposição da aprendizagem, ampliação de cursos de formação continuada para professores, redução do número de itinerários formativos, aumento do tempo destinado na matriz curricular ao aprendizado de Língua Portuguesa e Matemática, ampliação do itinerário do ensino técnico e aperfeiçoamento dos mecanismos de acompanhamento do rendimento escolar.
Capital
Os anos iniciais do ensino fundamental na rede municipal de São Paulo pioraram em relação ao patamar pré-pandemia. A nota na prova aplicada pelo Ministério da Educação (MEC) a turmas de 5.º ano foi de 5,6, em uma escala de 0 a 10. Em 2019, a nota era de 6. Já nos anos finais do fundamental, o ensino municipal paulistano, medido em uma prova aplicada a turmas de 9.º ano, ficou estagnado na mesma comparação, mantendo a nota de 4,8. As prefeituras cuidam principalmente dos primeiros anos do fundamental, do 1.º ou 5.º ano, enquanto que os últimos anos, do 6.º ao 9.º ano, são divididos com governos estaduais.
Assim, São Paulo ficou fora da lista das melhores capitais nas duas faixas – em 14.º lugar nos anos iniciais e em 11.º lugar nos anos finais. A cidade também não alcançou as metas que o ministério havia traçado para 2021 – chegar a 6,2 pontos nos anos iniciais e 6 nos anos finais do fundamental. A melhor capital do Brasil em ensino municipal, nos primeiros anos do fundamental, é Goiânia, com nota de 6,5; e nos últimos anos, é Teresina, com 5,8 pontos. Já a capital com pior nota, tanto nos primeiros quanto nos últimos anos, é Natal.
Dentre as capitais, 8 apresentaram melhora da qualidade dos anos iniciais do fundamental nas escolas municipais e uma teve resultado igual. Já nos anos finais, das 22 capitais avaliadas, 10 evoluíram e 4 ficaram estáveis. Em relação à meta fixada para 2021, apenas 10 capitais alcançaram a nota almejada nos anos iniciais e cinco nos anos finais. Os resultados mostram que, apesar de os anos finais do fundamental apresentarem maior evolução, quando comparados aos anos iniciais, continuam mais longe da meta.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), informou que se empenha em reforçar o processo de aprendizagem “em virtude dos efeitos causados pela pandemia da covid-19, que afetaram a vida escolar e social dos estudantes”. “Vale lembrar que 2023 foi o primeiro ano em que a prova foi realizada com todos os estudantes em sala de aula após a pandemia.”
A SME alega, em responta ao que pretende fazer, que organizou ações de recuperação contínua em sala de aula para todos os alunos, recuperação paralela no contraturno aos que precisam, formações de professores, busca ativa e utilização de materiais pedagógicos. “O Programa de Transferência de Recursos Financeiros (PTRF) também é um aliado para a garantia de ambientes favoráveis às aprendizagens. Neste ano, pretendemos alcançar 100% dos valores repassados em relação ao ano de 2020. Serão cerca de R$600 milhões.” (COLABOROU CAIO POSSATI)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.