Coluna: André Cardozo

Coluna que cobre temas como cloud computing, Inteligência Artificial e outras tendências do mundo da tecnologia. Editada por André Cardozo, jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura de tecnologia

Red Hat quer superar “incertezas da IA” com open source

Empresa reforça aposta na colaboração e no software livre em suas aplicações e inteligência artificial

André Cardozo
Matt Hicks, CEO da Red Hat, em apresentação no Red Hat Summit 2025 Foto: André Cardozo

* De Boston (EUA)

A indústria de tecnologia vive um momento de incerteza em relação a tecnologias de inteligência artificial. Esta foi a principal mensagem de Matt Hicks, CEO da Red Hat, durante o Red Hat Summit 2025, realizado nesta semana em Boston (EUA).

“Muitos conceitos que conhecemos há anos estão mudando, e podem se tornar irreconhecíveis em breve com o avanço da IA. Por outro lado, há muitos outros fatores que também são importantes quando falamos de criar valor para o negócio”, disse o executivo a uma plateia de cerca de 7 mil pessoas.

Aposta na abordagem aberta

Em uma fala de tom otimista, Hicks propôs uma abordagem open source como a solução para empresas que querem superar as atuais dificuldades no uso da IA e aplicar essa tecnologia de modo mais efetivo em suas áreas de atuação.

A abordagem open source, já bastante conhecida no mundo do software livre, permite a criação de aplicações por coletivos de pessoas e com o código público e aberto. É uma abordagem oposta ao software fechado, em que o código é normalmente controlado por apenas uma empresa e é “fechado”, ou seja, não é acessível por quem usa a aplicação.

“Ainda há muitas questões a resolver com relação a IA, principalmente em relação à propriedade intelectual. Se a IA ajuda a implementar um projeto, a propriedade do código é sua ou do fornecedor de IA? Como mantemos as regras de atribuição e compartilhamento de conhecimento que impulsionaram a indústria do software livre? Quando passamos por uma disrupção tecnológica tão grande, nunca haverá consenso. Mas acredito que podemos concordar em uma coisa: a IA pode despertar um potencial enorme em negócios pois, da mesma forma que o software open source, a IA remove barreiras”, disse Hicks.

Com DNA open source desde os anos 1990, quando nasceu como uma das muitas empresas que forneciam soluções baseadas em Linux para empresas e pessoas físicas, a Red Hat vem apostando na continuidade dessa abordagem aberta também na nuvem, com a plataforma OpenShit, e agora também na área de IA.

Um servidor para IA

Como mais um exemplo desta aposta, durante o evento a empresa anunciou o Red Hat AI Inference Server, uma camada de software baseada no Red Hat Linux para servidores de grandes corporações.

A solução foi especialmente desenvolvida para rodar cargas de aplicações de IA generativa. Do lado do hardware, é compatível com processadores de empresas como a Nvidia Intel, AMD, Google e AWS. Do lado dos modelos de linguagem, pode ser integrado com Llama (Meta), Gemma (Google) e Phi (Microsoft), entre outros LLMs. Ou seja, a Red Hat mantém a estratégia de trabalhar como uma integradora de soluções de cloud e IA, fazendo a ponte entre empresas de hardware, cloud e IA.

Ao detalhar o anúncio em coletiva de imprensa, Chris Wright, CTO da Red Hat, comentou sobre a competição dos modelos de linguagem (LLMs) open source com alternativas proprietárias, como o ChatGPT e o Gemini.

“Inicialmente, toda a atenção do mercado ficou voltada para os modelos multimilionários e proprietários. Mas gradativamente as alternativas open source vêm provando que é possível fazer muita coisa com modelos menores e mais ‘leves’. Vemos que cada vez mais a diferença entre os grandes modelos e as alternativas mais enxutas vem diminuindo”, disse.

* O jornalista viajou a convite da Red Hat