O Bragantino voltou nesta temporada para a Série A brasileira, após 22 anos, pelas mãos da multinacional austríaca Red Bull, com planos de se tornar um dos grandes do futebol continental a médio prazo.

O projeto esportivo global da marca de bebidas europeia foi incentivado pelo sucesso do Red Bull Leipzig, que chegou às semifinais da Liga dos Campeões pela primeira vez na quinta-feira após derrotar o Atlético de Madrid por 2 a 1.

Também fazem parte da mesma ‘equipe’ o austríaco Red Bull Salzburg, o americano New York Red Bulls e, desde o ano passado, o Bragantino, rebatizado de Red Bull Bragantino, tradicional clube de Bragança Paulista, cidade situada a cerca de 100 km de São Paulo.

“Começamos a buscar no mercado possibilidades de clubes que tivessem uma história bacana, uma torcida, uma cidade que fosse envolvida com o clube, para que a gente pudesse implementar o projeto esportivo, e tivemos a felicidade de encontrar no Bragantino, muito mais do que a gente buscava”, disse à AFP o diretor executivo do clube, Thiago Scuro.

Em março de 2019, o Bragantino, que havia acabado de ser promovido à Série B, anunciou um acordo de união com o Red Bull Brasil, fundado em 2007 pela empresa de bebidas, mas que estava fora das quatro divisões nacionais.

Junto com a união veio um investimento de 45 milhões de reais para formar um time que venceu com folga a segunda divisão brasileira. Também se iniciou a reforma do estádio do clube.

“A Red Bull assumiu o Bragantino no ano passado com a previsão de começar a elevar o nível do clube como um todo. Acho que algumas coisas já andaram bastante, a gente tem conseguido conquistar bons resultados em campo. Paralelo a isso existe um trabalho de gestão, de qualificar todos os departamentos, melhorar a infraestrutura do clube”, disse Scuro.

– Um modelo global –

Os clubes da marca “têm independência de gestão em seus países, mas temos muito contato, proximidade, trocamos conhecimentos, práticas, métodos”, além de emprestar jogadores, explicou o dirigente.

Este ano, o Red Bull Bragantino conta com os reforços de Luan Cândido, emprestado pelo Leipzig, e de Luis Phelipe, por empréstimo do Salzburg.

Para a volta à Série A brasileira, o Bragantino preparou um time de jovens talentos, comandado pelo ex-jogador Felipe Conceição.

A equipe empatou os dois primeiros jogos da Série A em 1 a 1 com Santos e Botafogo, e no domingo enfrenta o Bahia.

“Queremos praticar um jogo agressivo, para frente, de muita intensidade, com qualidade técnica. O Brasil é um país que nos proporciona muitos talentos jovens, que precisam estar em campo para se desenvolverem. O Brasileirão ainda é uma liga que valoriza atletas com uma idade mais avançada”, explica Scuro.

“Nosso modelo de jogo exige que o atleta tenha a mente aberta para aprender coisas novas, que não esteja preso a uma carreira já de 10-15 anos construída, e que tenha a capacidade física e fisiológica de fazer um jogo agressivo durante os 90 minutos. As razões para focar em jogadores jovens estão ligadas ao nosso modelo de jogo”, acrescentou.

– Com humildade –

O Bragantino foi o segundo clube que mais gastou no Brasileirão, depois do atual campeão Flamengo. No entanto, Scuro prefere manter os pés no chão.

“O grande objetivo é estabilizar o Bragantino na Série A. São muitos jogadores chegando, muitas mudanças dentro do clube, muitos jogadores jovens, implementar uma maneira de jogar que o futebol brasileiro não está habituado. A gente entende que será um processo de médio prazo”, destacou.

“Do ponto de vista esportivo, entendo que em três anos teremos a capacidade técnica de estar no mesmo nível esportivo que os principais clubes do Brasil, não é pelo dinheiro e sim pela competência técnica, por ter uma ideia de jogo bem estabelecida, por investir em jovens jogadores que vão se desenvolvendo e cada ano”, avalia o dirigente.

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