Os volumes de recursos oriundos da repatriação indo para a indústria de private banking foi praticamente zero no primeiro semestre deste ano, diante de ainda muita insegurança jurídica, disse o presidente do nosso Comitê de Private Banking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), João Albino Winkelmann. No entanto, entre julho e agosto começou a ser observado mais movimento, destacou. O patrimônio líquido da indústria de private banking no primeiro semestre foi de R$ 762,6 bilhões, aumento de 7% ante o observado em dezembro.

A lei permite a regularização de recursos, imóveis e ações de empresas mantidos por brasileiros no exterior e que não tenham sido declarados à Receita Federal. A Lei de Repatriação foi aprovada em 2015 e sancionada em janeiro deste ano pela presidenta afastada Dilma Rousseff. O governo espera reforçar o caixa do Tesouro com os recursos. O prazo para adesão ao Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária começou em abril e termina no dia 31 de outubro.

A expectativa, segundo Albino, é de um maior fluxo na reta final desse prazo. Para regularizar os recursos, o contribuinte pagará 15% de Imposto de Renda e 15% de multa, totalizando 30% do valor regularizado. Não vem sendo aventada, segundo o executivo, a possibilidade de prorrogação do prazo.

Albino citou que a expectativa é que a maior parte dos recursos que estão hoje no exterior e que serão repatriados deverão continuar fora, mas que uma fatia menor, estimada preliminarmente entre 10% e 15% dos volumes totais, deverão ser destinados ao Brasil para aportes na economia real. “Devem aproveitar as oportunidades da economia real, já ativos baratos. Além disso aqui a Selic está alta e fora do Brasil ha um cenário de juros negativos”, destacou.

O diretor da Anbima disse ainda que existe uma tendência dos bancos de fora do Brasil não quererem manter contas com recursos abaixo de US$ 1 milhão.

LCA e LCI

Os clientes do private banking ainda querem colocar em suas carteiras de investimento as Letras de Crédito Agrícola (LCA) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), mas esses produtos estão muito escassos no mercado, destaca Winkelmann. Além da menor oferta, as taxas reduziram muito, frisou.

O executivo citou que os Certificados de Recebíveis Imobiliário (CRI) e Certificados de Recebíveis Agrícola (CRA) vêm ocupando parte dessa carteira. Winkelmann disse ainda que vem sendo observado maior apetite em renda variável.

No primeiro semestre do ano, de acordo com dados da Anbima, a distribuição por ativos foi de 43,6% em fundos, 8,9% em previdência aberta, 35% em ativos de renda fixa e 12% em renda variável.