Uma recuperação mais homogênea e vigorosa das vendas no varejo ainda depende de uma melhora mais substancial na renda das famílias e do crédito, segundo Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O comércio varejista depende basicamente de renda disponível, de financiamento e também de algum acréscimo extraordinário de renda, como aconteceu em 2017 com o FGTS liberação dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Como a massa de renda tem se mantido estável todo o tempo, ela contribuiu, mas não tem capacidade de promover um crescimento mais intenso nas vendas. A taxa de juros que a gente paga ainda é muito elevada em relação ao que a gente pagava em 2014”, lembrou Isabella Nunes.

Segundo a pesquisadora, o avanço na ocupação via informalidade no mercado de trabalho também limita um crescimento na renda das famílias, fazendo com que destinem o orçamento disponível para a aquisição de itens básicos.

“O consumo que aparece forte e vem se destacando é justamente o mais ligado a produtos básicos. O consumo de itens de valor agregado mais elevado depende dessas outras condicionantes”, disse Nunes.

Em janeiro de 2019, o comércio varejista cresceu 1,9% em relação a janeiro de 2018, com taxas positivas em cinco das oito atividades pesquisadas.

Os avanços ocorreram em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,4%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,2%), Combustíveis e lubrificantes (1,4%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,6%).

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Por outro lado, as atividades em queda foram Móveis e eletrodomésticos (-2,8%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-27,3%) e Tecidos, vestuário e calçados (-1,2%).

No varejo ampliado, que inclui os segmentos de veículos e material de construção, as vendas cresceram 3,5%. O volume de veículos vendidos aumentou 8,8%, enquanto o de material de construção avançou 2,2%.

A gerente da pesquisa aponta que as atividades que puxaram a melhora do varejo em janeiro são as mesmas que fundamentaram o crescimento nas vendas em 2018. A recuperação do varejo ainda está mais concentrada em atividades que vendem bens essenciais. “O varejo começa 2019 bem, mas a gente faz uma ressalva que a entrada de janeiro no indicador de volume de vendas acumulado em 12 meses não faz com que a taxa de crescimento seja maior”, lembrou.

A taxa do volume vendido em 12 meses vem perdendo dinamismo desde abril de 2018, passando de uma alta de 2,3% nos 12 meses encerrados em dezembro de 2018 para aumento de 2,2% nos 12 meses encerrados em janeiro de 2019.


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