O novo recuo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que anunciou nesta sexta-feira, 23, a suspensão parcial do aumento anunciado do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), não cessou a artilharia da oposição contra a política econômica do governo Lula (PT).
O deputado tenente-coronel Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, disse ter apresentado um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) para sustar a decisão com efeito imediato. “O que o governo Lula fez com o IOF é uma vergonha. Um golpe no setor produtivo, decidido no canetaço, sem aviso, sem diálogo”, escreveu.
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que lidera o partido de Jair Bolsonaro na Casa, afirmou que o “aumento de impostos” se tornou o terceiro item na lista de prioridades para atuação da bancada. “O povo brasileiro não aguenta mais pagar a conta da incompetência”, disse.
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Contenção e recuo
Na quinta-feira, 22, o Ministério da Fazenda anunciou uma contenção de R$ 31,3 bilhões em despesas do Orçamento com o objetivo de cumprir a meta de déficit fiscal estabelecida para 2025, e aumentou o IOF, em especial para investimentos em fundos no exterior, transações no cartão de crédito internacional e compra de dólar.
O anúncio teve impacto imediato. Pontos como a elevação do dólar acima de R$ 5,70 geraram no Palácio do Planalto o receio de mais um ponto de desgaste para Lula, que se prepara para enfrentar uma campanha eleitoral em 2026 assombrado pela queda vertiginosa da própria popularidade.
O recuo, portanto, foi natural. Haddad disse que tomou a decisão para evitar “especulações” sobre inibição de investimentos ou outras mensagens que divergissem do objetivo da gestão. “Não temos nenhum problema em corrigir rota, desde que o rumo traçado pelo governo de reforçar o arcabouço fiscal e cumprir as metas para a saúde financeira do Brasil seja cumprido”, afirmou nesta sexta.
As circunstâncias rememoram a “crise do Pix“. Em janeiro de 2025, Haddad também teve de anunciar um recuo após o anúncio da Secretaria Especial da Receita Federal de uma portaria para ampliar a fiscalização sobre transações feitas com a ferramenta. A suspensão não reprimiu a exploração da oposição e, na visão de analistas, não surtiu efeito para reduzir os danos à imagem do governo.