O recrudescimento da pandemia de covid-19 afetou o desempenho do comércio varejista em janeiro, segundo Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas no varejo recuaram 0,2% em janeiro ante o mês anterior, após recuos também em dezembro (-6,2%) e novembro (-0,1%).

No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume vendido encolheu 2,1% em janeiro frente ao mês anterior, depois de já ter diminuído 3,1% em dezembro.

Em janeiro, 9,1% das empresas varejistas que integraram a pesquisa relataram que o isolamento social impactou a receita no mês. Em dezembro, essa proporção de empresas com queixas era de apenas 3,5%. A fatia de empresas impactadas vinha se reduzindo gradualmente desde maio do ano passado.

Em janeiro, as restrições ao funcionamento de atividades e à circulação de pessoas para conter a disseminação do novo coronavírus foram sentidas no varejo, especialmente nos estados do Amazonas e São Paulo, que afetaram, sobretudo, o desempenho dos segmentos de vestuário, combustíveis e móveis e eletrodomésticos.

“No Amazonas foi bastante forte, e foi muito parecido com o que foi adotado no início da pandemia, mas algumas daquelas (atividades) consideradas essenciais acabam ficando abertas. Eu não tenho exatamente quais restrições foram adotadas em São Paulo, mas houve restrições. Elas acabaram por impactar essas atividades”, apontou Santos.

Também impactaram o volume vendido o fim do pagamento do auxílio emergencial à população mais vulnerável e a inflação de alimentos, com reflexos especialmente sobre a atividade de supermercados, que recuou 1,6% em janeiro ante dezembro.

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“Como ele (auxílio emergencial) tinha foco de um efeito maior nas famílias de baixa renda, ele também acabava se concentrando um pouco mais em atividades que têm consumo mais instantâneo, como supermercados, mas foi um fenômeno que acabou também sendo refletido em material de construção, que tem uma estabilidade (ligeira alta de 0,3%) após três quedas”, lembrou Santos.

Apesar da perspectiva de um novo auxílio emergencial a ser pago pelo governo, o varejo ainda pode ser afetado por novas medidas de isolamento e lockdown, alertou Santos.

“A gente não sabe o que pode ter. Os números mostram que, no final do ano, conforme foi diminuindo esse aporte médio (do auxílio) para as famílias, algumas atividades tiveram um comportamento similar (de desaceleração). Tem muitos outros fatores que podem influenciar nessa questão do varejo: vacina, abertura ou não de comércio, lockdown, que pode ou não acontecer”, enumerou.


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