O referendo de 23 de junho no Reino Unido sobre a saída da União Europeia, a chamada “Brexit”, será a mais recente, em 44 anos, de inúmeras consultas já realizadas no Velho Continente.

Ainda que, na maioria dos processos, os eleitores tenham respondido “sim”, alguns optaram pelo “não” retumbante.

Confira abaixo algumas dessas consultas:

– Noruega permanece de fora –

– 26 setembro 1972: a Noruega se pronuncia contra sua entrada no Mercado Comum. A rejeição é renovada em 1994. Trata-se do único país a se recusar a aderir, por meio de um referendo.

– Já a Groenlândia, território dinamarquês ultramarino, escolhe deixar a Comunidade Econômica Europeia (CEE), por referendo, em fevereiro de 1982.

– Sem ‘Brexit’ em 1975 –

– Em 1975, quando a Grã-Bretanha fazia parte da CEE há dois anos, em referendo organizado por iniciativa do governo trabalhista de Harold Wilson, os eleitores aprovam por 67,2% dos votos a permanência no Mercado Comum. Assim como acontece hoje com o premiê David Cameron, pressionado por seus correligionários conservadores, Harold Wilson enfrentou uma poderosa corrente eurocética em seu partido. O referendo foi o caminho encontrado para sair desse dilema.

– Euro: ‘não’ dinamarquês e sueco, ‘sim’ francês por pouco –

– 2 junho 1992: o Tratado de Maastricht sobre a UE e a moeda única foi rejeitado por 50,7% dos votos na Dinamarca, contrariando o conselho de quase todos os partidos representados no Parlamento. Ele será finalmente aceito em um segundo referendo, em maio de 1993, depois que Copenhague conseguiu de Bruxelas a possibilidade de não participar da zona euro – assim como a Grã-Bretanha.

– Já os franceses aprovam Maastricht por uma margem muito estreita de votos (51,05% para o “sim”), em 20 de setembro de 1992. A Irlanda também vota a favor de Maastricht.

– 28 setembro 2000: a Dinamarca organiza um referendo sobre a entrada no euro, e 53,1% dos eleitores são contra.

– 14 setembro 2003: os suecos rejeitam o euro, com 56,1% contra 41,8%.

– Constituição: rejeição na França e na Holanda –

– Em 29 maio 2005, 54,7% dos eleitores franceses rejeitam o projeto de Constituição europeia.

– Depois, em 1º de junho de 2005, os holandeses também rejeitam a Carta Magna do bloco, por quase 62%.

– A UE fica mergulhada em uma crise institucional, da qual sairá apenas em 2007 com um acordo sobre a adoção de um novo tratado europeu – o Tratado de Lisboa – para melhorar o funcionamento de uma Europa com 27 membros.

– Irlanda: recuos e avanços –

– 8 junho 2001: os irlandeses rejeitam o Tratado de Nice (54% de “não”), com apenas 32% de participação. Para esse tratado destinado a adaptar a UE à ampliação no Leste do continente, os partidários do “sim” não consideraram necessário fazer campanha.

Depois de terem obtido garantias sobre a manutenção da neutralidade militar do país, os irlandeses aceitam o texto, com 62,9% dos votos, durante uma segunda consulta, em 19 de outubro de 2002.

– Mesmo cenário com o Tratado de Lisboa: em 12 de junho de 2008, a Irlanda diz “não”, mas o texto será aprovado em um segundo referendo, em outubro de 2009.

– Em abril, o ‘não’ holandês –

Em um referendo no início de abril de 2016, o acordo de associação UE-Ucrânia é rejeitado por 61% dos eleitores, com apenas 32,28% de participação. Nesse cenário, o governo holandês avalia que não é possível ratificar o tratado “tal como ele se encontra atualmente”, mesmo que seja aplicado a título provisório.

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