Coordenador do Centro de Finanças do Insper, Michael Viriato avalia que, por mais que o mercado reconheça as dificuldades que o País enfrentará este ano, os recordes batidos pela Bolsa brasileira estão longe de ser injustificados. “Não é uma bolha, está longe disso. Se fala em bolha quando a alta não é sustentável ou não se justifica. Não é esse o caso”, disse, em entrevista ao Estado.

O mercado brasileiro está mais eufórico do que deveria?

As pessoas dizem que o investidor brasileiro está eufórico, mas é o mundo que está eufórico. O Brasil não está subindo muito mais que as Bolsas americanas. O mundo, em geral, está com baixa inflação, juros controlados, crescimento sustentável e lucros crescentes. O humor é justificado, mas isso não significa que o dever de casa não precisa mais ser feito. A Bolsa brasileira poderia ter atingido esse patamar de 81 mil pontos muito antes, se as reformas tributárias e da Previdência tivessem avançado.

Não estamos vendo uma bolha se formar?

Não é uma bolha, está longe disso. A gente fala em bolha quando a alta não é sustentável ou é injustificada. A alta lá fora se justifica porque o lucro das empresas surpreendeu o mercado. Também teve uma reforma tributária nos Estados Unidos, que ajuda e não há um medo forte de que o Banco Central americano suba juros.

Por que o corte da nota de risco do Brasil não pesou na Bolsa?

Há um reconhecimento de que os problemas fiscais e previdenciários do Brasil ainda são preocupantes e que essa conta deve ficar para o presidente, mas o mercado já havia reagido à não aprovação da reforma da Previdência em novembro. Isso já estava precificado.

A Bolsa vai continuar subindo?

O horizonte é favorável, mas nunca sobe o tempo todo. Se a economia mundial escorregar, também vamos perder esse benefício que vem de fora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.