Cesar Greco / Palmeiras

Neste domingo, no Allianz Parque, Dudu e torcida palmeirense vão se reencontrar. O Palmeiras enfrentará o Atlético Mineiro, adversário que não vence desde 2011. Vai ser um daqueles momentos tensos para os boleiros da arquibancada e do atacante que fez história no clube desde que chegou em 2015. Tudo por causa de uma frase:  “Feliz ou não, é a lei da vida”. Ela abriu um post que o jogador escreveu depois de saber que o Palmeiras não topou negociar seus direitos com o Shandong Luneng.

Dudu não gostou. Queria ir para o clube chinês que lhe ofereceu muito dinheiro. Pouco depois, publicou um texto no perfil que mantém nas redes sociais: “Feliz ou não, é a lei da vida. Seguir em frente com a cabeça erguida. Superando tudo que está por vir “. Pegou mal. Os assessores do jogador o orientaram a trocar de mensagem. Atualizada, ela ficou assim: “Seguir em frente com a cabeça erguida e muito focado para superar tudo que está por vir!”

O estrago já estava feito. A velocidade das mídias sociais bateu o bom senso. Dudu permaneceu em silêncio. Vai descobrir agora como anda o humor do palmeirense. Vale dizer que ídolo é medido por outros sentimentos. Ódio e amor andam muito juntos. O desempenho e entrega do atacante em campo pode desmontar qualquer má vontade. E Dudu pode fazer isso.

Aos números: Dudu já disputou 198 jogos, marcou 48 gols e deu 43 assistências. É o artilheiro do time em clássicos paulistas (8 tentos) e o matador do atual elenco e maior número de gols no Allianz Parque (24). Foi o principal atacante na conquista da Copa do Brasil de 2015, com 15 gols. Usou tarja de  capitão do time. Campeão brasileiro de 2016, ele passou a ser chamado pela torcida de “guerreiro”.

Dudu se define como “um cara muito emotivo”. Daí alguns momentos de altos e baixos com os alviverdes. Nesta temporada, ele fez um protesto contra a torcida ao não comemorar o gol da vitória que marcou sobre o Internacional, no Pacaembu, no dia 22 de abril. O Palmeiras vinha de uma sequência de três maus resultados e estava sob críticas nas mídias sociais. Depois do jogo , ele afirmou: “Às vezes, quando você empata dois jogos, você não presta, não vale nada. Então acho que não quis comemorar por causa disso. E se a gente tiver um mau resultado nos próximos jogos, vamos voltar a não valer nada”.

O Shandong já tinha tentado levar Dudu em 2017. Para manter o jogador, o Palmeiras estendeu contrato e deu aumento salarial. No início da atual temporada, os chineses voltaram à carga. Mais uma vez, o executivo de futebol Alexandre Matos e o presidente Maurício Galliote decidiram segurar Dudu com outro contrato e mais remuneração. Na cabeça dos dirigentes, ficou acordado que não haveria conversa sobre transferência por um bom tempo.

Mas o empresário de Dudu, André Cury, procurou Matos na inter-temporada com nova proposta do Shandong Luneng. A princípio, os chineses ofereceram 12 milhões de euros e, diante da recusa palmeirense, subiram para 15 milhões. Para o atleta, a oferta de de algo em torno de R$ 2,5 milhões por mês.

Galliote descartou a negociação desde o início. Por dois motivos: acha que já tinha atendido aos interesses de Dudu no início do ano e não viu como substituí-lo na segunda parte da temporada. Para o lugar de Dudu, avaliaram os dirigentes, haveriam poucas ou nenhuma alternativa no mercado. Dois nomes que atrairiam o Palmeiras, De Arrascaeta e Bernard, eram inviáveis. O uruguaio já jogou sete partidas pelo Cruzeiro no Campeonato Brasileiro. E o “menino com alegria nas pernas” não pretende jogar no Brasil.

Vender Keno para um clube do Egito foi um negócio diferente de Dudu. O atacante de 28 anos foi comprado por R$ 1,5 milhão e rendeu cerca de R$ 30 milhões para o Palmeiras que já estava acertado com Gustavo Scarpa, substituto imediato.

Assim, o presidente do Palmeiras disse não pessoalmente a Dudu, que pareceu se conformar aos olhos de Galliote. Mas aí veio a frase “Feliz ou não, é a vida” que, mesmo sendo retirada minutos depois, fez o palmeirense esquecer o texto em seguida onde Dudu garante que vai dar o melhor enquanto estiver no Palmeiras.