Especialistas em Biologia Marinha pediram às autoridades australianas, nesta quinta-feira (15), que protejam os recifes naturais de moluscos do país – um ecossistema oceânico desconhecido, mas muito ameaçado.

O mundo já tem conhecimento dos riscos enfrentados pelos recifes de corais, devido – entre outros fatores – à mudança climática. Pouca gente sabe, porém, que entre 90% e 99% dos recifes de moluscos australianos desapareceram desde a colonização britânica há 230 anos, apontam os pesquisadores.

Nessa época, havia recifes formados por milhões de ostras e mexilhões nas baías, nos estuários e nas águas do litoral das regiões tropicais e temperadas da Austrália.

Eram ecossistemas complexos, que proporcionavam hábitat e alimentos para outras espécies de invertebrados e de peixes, ao mesmo tempo em que filtravam a água e protegiam a costa.

“Já sabíamos que os recifes de moluscos estavam mal no mundo, com a perda, ou com a grave deterioração, de 85% deles”, explica o diretor do estudo e pesquisador da ONG Nature Conservancy, Chris Gillies.

“Nosso estudo confirma que, na Austrália, a situação é ainda pior. Resta apenas 1% dos hábitats de ostras planas e 10% dos hábitats de saccostrea (um outro tipo de ostra)”, adverte.

Ian McLeod, cientista do Centro de Pesquisa de Águas Tropicais e Ecossistemas Aquáticos da Universidade James Cook, garante que o fenômeno é desconhecido, diferentemente do branqueamento que afeta a Grande Barreira de Coral, uma joia inscrita no patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

“É certo que a Grande Barreira e outros recifes de corais estão ameaçados, mas os recifes de moluscos foram os que mais sofreram, na realidade”, afirmou.

“A maioria havia desaparecido antes do nosso nascimento. Então, a gente não sabe o que perdeu”, completou.

A maioria deles desapareceu no século XIX e no início do século XX por culpa da pesca predatória, da modificação do hábitat, das doenças, das espécies invasivas e da degradação da qualidade da água.

Segundo o estudo publicado pela revista científica PLOS ONE, a destruição desses recifes agrava a mudança climática, a acidificação dos oceanos e as ameaças para a costa.

De acordo com os pesquisadores, porém, esses recifes podem se restaurar, eliminando-se as causas de sua destruição inicial.

Para isso, recomendam proteger os recifes restantes e financiar projetos de restauração.

“Ainda estamos em tempo de deter sua queda e de recriá-los ali onde, outrora, ofereciam seus benefícios para a população e para a natureza”, declarou Gillies.