Por Marcelo Rech

Muita gente amanheceu com medo do futuro com a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA. Militantes disfarçados de jornalistas e analistas acreditam que o mundo viverá dias sombrios, ao resgatarem o mantra do “ódio venceu”.

O que essas pessoas esquecem é que a eleição de Trump é responsabilidade direta das lideranças atuais e das agendas impostas pelo progressismo desvairado e fanático, que aposta na inversão de valores, prega a democracia, mas investe no radicalismo.

Para essas pessoas, a democracia é um valor inalienável apenas quando o vencedor se encaixa nos seus estereótipos. Trump venceu porque a sociedade está cheia dessa retórica que ignora as coisas realmente relevantes como segurança, saúde, educação e emprego.

O Brasil da democracia relativa, que instrui ditadores como Maduro a construírem suas narrativas, será relegado pela Casa Branca. Como, aliás, tem sido historicamente. Mesmo com Bolsonaro, o Brasil não ganhou nada na relação desigual que mantém com Washington. Esse abismo tende a se ampliar a partir de 20 de janeiro.

Lula, que praguejou contra Trump, vinculando-o com o nazifascismo, agora fala em “relação civilizada”. É curioso como os populistas acomodam seus discursos de acordo com a conveniência. O presidente seria muito mais respeitado se simplesmente ficasse quieto.

As eleições municipais já mostraram que a esquerda está sendo varrida do País. O fenômeno se repete na região e em grande parte do Ocidente. Nos EUA, o recado foi ainda mais contundente, pois Trump venceu de lavada no voto popular, no colégio eleitoral, e ainda fez maioria nas duas Casas do Congresso. Foi uma vitória contundente, acachapante, vergonhosa para o stablishment progressista que sangra as nossas sociedades.

A América Latina continuará sendo o quintal dos EUA como sempre foi, longe de atrair quaisquer prioridades relevantes. O Brasil atual contribui significativamente para confirmar essa tendência, pois se omite, não lidera, não serve de farol e vive de adular ditadores reverenciados pela extrema-esquerda. Trump manterá uma distância segura desse grupo, delegando para o sub do sub a tarefa de mantê-los na linha.

Trump não só retorna à presidência da principal potência econômica e militar do planeta, ele volta mais forte e com muito mais legitimidade. E, como será seu último mandato, certamente não perderá tempo com pseudo-estadistas como Lula da Silva.

Por outro lado, ele terá um olhar muito mais atento para a vizinha Argentina e para o modelo de transformação social de El Salvador, uma minúscula república na América Central, de onde o PT pretendia fortalecer o seu papel de principal força da extrema-esquerda latino-americana.

Lula e seu conselheiro-mor Celso Amorim, se curvarão, sem dúvida. Já o fizeram no passado recente, mas não terão de Washington a mesma complacência. Eles são os responsáveis diretos pelo que se passa, por exemplo, na Venezuela. Não são vítimas, mas cúmplices do regime que alimentaram e engordaram e de quem, agora, recebem doses diárias de humilhação.

Esse Brasil incapaz de separar suas preferências ideológicas dos interesses nacionais, receberá a devida indiferença de Donald Trump.

Marcelo Rech é jornalista e analista internacional no InfoRel. Ao longo de 20 anos, realizou coberturas em mais de 30 países, incluindo América Latina, EUA, Oriente Médio, Europa e Ásia