O desaparecimento de três meninos no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense –conhecida pelos altos índices de criminalidade no Estado do Rio de Janeiro – colocou a Polícia Civil contra a parede nos últimos meses. Traficantes locais de uma facção inflaram a população a fazer protestos em porta de delegacia, a incendiar ônibus, e sequestraram e espancaram um pai de santo para que assumisse o crime. O barulho foi grande contra as autoridades.
Voltando a fita: três meninos de 8, 10 e 11 anos roubaram passarinhos de um líder da fação num bairro da cidade. Capturados e repreendidos, foram castigados com uma surra – mas um deles não resistiu e morreu. A ordem de matar os outros dois e jogar os três corpos num rio saiu de um conselho de bandidos da facção de um presídio.
Mas numa investigação que envolveu a entrada de delegados dentro do complexo de Bangu, a Caixinha S.A. – realizada para estancar o caixa de criminosos que banca regalias das famílias – delegados veteranos entraram nas celas e deram recados: que as crianças aparecessem.
Não demorou muito, os alvos que estavam nas ruas, já monitorados, caíram nas interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Àquela altura, poucos meses atrás, a facção conseguiu espalhar na internet que a milícia era culpada.
O desafio agora é cercar o bando de um líder chamada Abelha, que saiu da cadeia há dias e executou a maioria dos envolvidos no crime dos meninos. Essa “limpeza de arquivos vivos” dificulta o trabalho da polícia para prender mais gente do grupo.
“A base da Polícia é inteligência, investigação e ação. A investigação técnica gerou as provas (um áudio interceptado) contra o tráfico. Estou certo de que a perícia e tecnologia são fundamentais nisso”, diz Allan Turnowski.