Os rebeldes do Iêmen anunciaram nesta segunda-feira (28) terem formado unilateralmente um governo “de salvação nacional”, enquanto o mediador da ONU tentava retomar os esforços de paz no país, arrasado por 20 meses de guerra.

Dirigido por Abdel Aziz Ben Babtur, esse governo de 42 membros pode causar revolta na cúpula do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, em guerra contra os rebeldes xiitas huthis desde 2014.

O gabinete pode ser percebido como um sinal de desafio à ONU e a Washington, que insistem em “um governo de unidade nacional” integrado por rebeldes e por representantes do grupo de Hadi.

O novo Executivo foi fundado pelo Conselho Político Supremo, não reconhecido por nenhum país desde que os rebeldes e seus aliados – os partidários do ex-presidente Ali Abdala Saleh – anunciaram sua formação em agosto passado.

A medida foi realizada enquanto o mediador da ONU, Ismail Uld Sheikh Ahmed, iniciava, na semana passada em Mascate, consultas com os rebeldes.

O enviado da ONU disse que iria ao Kuwait para negociar uma retomada dos diálogos de paz nesse emirado, suspensos em agosto depois de três meses e meio de conversas malsucedidas.

Promovidos pela ONU, esses diálogos foram interrompidos após o anúncio unilateral dos rebeldes e de seus aliados de seu Conselho Político Supremo, apresentado como o órgão encarregado de dirigir o país.

Em 20 meses, a guerra no Iêmen deixou mais de 7.000 mortos e cerca de 37 mil feridos, segundo a ONU.