O Reino Unido está paralisado, em meio a especulações sobre as brumas que envolvem a família real. Fortunas se movimentam ao redor dela, o que inevitavelmente também se traduz em peso político: tomadas apenas as instituições que supervisiona, o rei Charles III é responsável por US$ 42 bilhões em ativos e seu poder extrapola corredores palacianos — ainda mais por seu perfil ambientalista, com participação em mesas de debate internacionais nestes dramáticos tempos de transição climática do planeta. Se, com a morte da rainha Elizabeth II, em 2022, os súditos esperavam que Charles abdicasse do trono em favor do filho William, não foi o que aconteceu. E agora, com diagnóstico de câncer confirmado, o rei já veio a público dizer que iniciou tratamento mas seguirá no cargo.

Não para menos, o príncipe William aparece extremamente preocupado em uma imagem que circula pelas redes sociais: além da doença do pai, precisa lidar com a situação de Kate Middleton, a mãe de seus três filhos pequenos — George (10 anos), Charlotte (8) e Louis (5) — que passou por cirurgia no abdômen e tem previsões entre dois e nove meses para recuperação. Definitivamente será o momento do quarentão William — 42 anos em junho — mostrar se foi devidamente talhado para ser rei.

Neste ano de eleições britânicas no segundo semestre, em que o Partido Trabalhista está 20 pontos à frente do Conservador segundo as pesquisas, a realeza perdeu muito da aura e da influência que Elizabeth II manteve até os 96 anos, depois de governar por 70, nomeando 15 primeiros-ministros.

Ela foi escudo para a família em meio a escândalos e lastro para um mundo com águas cada vez mais agitadas. Esperava-se pela continuidade do glamour com o casal William-Kate assumindo o trono — afinal, o primeiro da linha de sucessão era visto apenas como um “tampão”.

Mas aos 74 anos, o apagado Charles finalmente foi sagrado rei em 2023. E ainda escoltado por Camilla, que se tornou rainha consorte para desgosto dos admiradores da popular princesa Diana, morta em acidente de carro com apenas 36 anos em 1997, quando William tinha 15 e Harry, 12.

Realeza britânica enfrenta a escuridão – e príncipe William precisa estar preparado
Kate Middleton está em recuperação da cirurgia misteriosa até a Páscoa (oficialmente) (Crédito:Chris Jackson)

Elizabeth II contornou o escândalo de abuso sexual de outro filho, o príncipe Andrew, e a turbulência do casamento do neto Harry (praticamente deserdado pelo pai Charles) com a atriz e “plebeia” Meghan Markle, que acusou a família real de racista.

Em 2021, a rainha perdeu o marido, o príncipe Philip — com quem se casou aos 21 anos, antes de ser coroada rainha com 25. O príncipe William não parece tão resistente a pressões. Já criticou Harry, chamando de golpe publicitário a visita que o irmão fez ao pai, e se calou sobre a cirurgia da mulher.

O casal teria deixado o Palácio de Windsor, onde reside, para ficar em Sandringham — Kate teve alta do hospital em 29 de janeiro, depois de 13 dias internada. De acordo com nota oficial, que descarta câncer, a recuperação vai “até a Páscoa” — na virada de março para abril — ou “até nove meses”, segundo os tabloides britânicos.

Curiosamente, Sandringham House é a residência particular de Charles, que aos 75 anos completados em novembro optou por divulgar seu diagnóstico em 5 de fevereiro, uma semana depois da saída da nora da London Clinic.

Peso real

Com um ano de reinado, a partir de 2023, Charles participou de 425 compromissos, pelas contas do jornal The Daily Telegraph (dois a menos que a Princesa Anne, sua irmã).

Durante a pandemia, a confinada Elizabeth II fazia suas reuniões por Zoom e Charles, a exemplo da mãe, deverá continuar despachando semanalmente com o primeiro-ministro Rashi Sunak e recebendo a caixa vermelha com documentos que passam pelo rei.

(por enquanto, estão previstas para o segundo semestre deste ano). E depois, ao líder que surgir da maioria, para que “forme um governo”.

Mas o peso da realeza britânica deverá mesmo passar aos ombros do agora quarentão príncipe William, quando finalmente estiver na vez de mostrar como encara situações difíceis e responsabilidades diante dos súditos. Por ironia, talvez com a ajuda da madrasta Camilla.