Nove meses após seu pedido de demissão, Zinedine Zidane foi chamado de volta nesta segunda-feira para comandar o Real Madrid substituindo o argentino Santiago Solari, demitido depois de uma série de maus resultados, anunciou o clube merengue, que ofereceu ao técnico francês um contrato até 2022.

O ícone do futebol francês, de 46 anos, volta ao cenário de suas recentes conquistas como treinador para tentar levar o Real de volta ao caminho do sucesso.

Ao pedir demissão em maio do ano passado após a conquista de sua terceira Liga dos Campeões consecutiva, Zidane parecia ter encerrado um ciclo de dois anos e meio no banco do time madrilenho (2016-2018).

Mas sua fidelidade ao clube e sua amizade com o presidente Florentino Pérez parecem ter convencido “ZZ” a encurtar seu ano sabático para assumir o comando da equipe, após uma sequência de jogos traumática: dois clássicos perdidos para o Barcelona e uma humilhação na Champions, sendo eliminado nas oitavas de final para o Ajax (2-1, 1-4).

“A diretoria decidiu nomear Zinedine Zidane como técnico do Real Madrid, com efeito imediato, até o final desta temporada e as três seguintes, até junho de 2022”, declarou o Real em um comunicado.

O clube também anunciou uma coletiva de imprensa com o francês ainda nesta segunda às 16h00 (pelo horário de Brasília) no estádio Santiago-Bernabeu.

– Encenação improvável –

Esse retorno de Zidane é uma improvável encenação em uma temporada muito tumultuada do Real: quando deixou o clube no auge, o francês alegava que era preciso “mudança” em um elenco que estava envelhecendo e cheio de troféus conquistados. Menos de um ano depois, Zidane volta como salvador da pátria para reerguer o time em um fim de temporada que parecia um longo calvário.

Pode-se supor que o ex-capitão da seleção francesa, que havia protagonizado uma volta parecida com a camisa da França em 2005 depois de ter anunciado sua aposentadoria pelos ‘Bleus’, tenha obtido garantias, inclusive no que se refere ao mercado de contratações.

Segundo a imprensa, uma das razões de seu pedido de demissão em maio do ano passado estava ligada a sua vontade de sacudir o elenco para seguir ganhando, especialmente ao deixar que algumas estrelas como Gareth Bale partissem, e trazendo craques como o belga Eden Hazard (Chelsea).

Pérez não havia conseguido convencê-lo a ficar e sua ausência foi muito sentida.

Depois de ter conquistado nove títulos entre treze possíveis com o francês, o Real deixou sua maior estrela, Cristiano Ronaldo, ir embora no verão europeu e teve dificuldades sob o comando do novo técnico Julen Lopetegui, demitido no final de outubro após a derrota por 5 a 1 no clássico contra o Barcelona.

– Desafio difícil –

Solari, que no início era interino, foi efetivado em novembro, com um contrato até 2021 e conquistou o Mundial de Clubes. Mas entre seus conflitos com os jogadores (Bale, Isco, Marcelo) e sua recente semana negra, o argentino sentia o peso da sombra de Zidane.

Isso abriu o caminho para a volta de “ZZ”, que continua morando em Madri. Três de seus quatro filhos ainda jogam no Real. Luca Zidane, de 20 anos, é o terceiro goleiro da equipe principal.

“Zizou” tem o difícil desafio de reconstruir o time a longo prazo, embora esta temporada esteja praticamente perdida.

Depois da 27ª rodada neste fim de semana e a 11 onze jogos do fim do campeonato espanhol, o Real (3º com 51 pontos) precisa tirar 12 pontos de diferença para o líder Barcelona (1º, 63 pontos).

Em 2016, quando “Zizou” havia sido escolhido técnico em plena temporada, o Real Madrid tinha 12 pontos atrás do líder Barcelona depois de 27 rodadas. Mas aos poucos conseguiu diminuir essa diferença e encerrou o campeonato a uma diferença pequena em relação ao Barça. o clube madrilenho espera agora um retorno retumbante.

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