Guilherme Amado Coluna

Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Reações a favor e contra operação da PF sobre Bolsonaro pau a pau nas redes

Em quatro horas, houve 11,6 milhões de menções com empate entre contra e a favor de Bolsonaro

Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Foto: REUTERS/Jean Carniel

operação da PF na casa de Jair Bolsonaro (PL) convulsionou as redes sociais na manhã desta sexta-feira, 18. Em pouco mais de cinco horas, entre 6h e 11h30, houve 11,6 milhões de menções ao assunto em X, Instagram e Facebook. Os dados fazem parte de um levantamento da agência de estratégia digital Ativaweb, que apresentou também uma análise de sentimento dessas redes.

“O que se viu foi um fenômeno de polarização massiva. Os dados mostram um país dividido em dois blocos praticamente simétricos, com uma leve vantagem para quem aprovou a operação. É uma guerra de percepção, de sentidos e de narrativas”, afirmou o fundador da agência, Alek Maracajá.

Segundo a apuração da Ativaweb, a polarização se deu da seguinte forma: 41,5% (4,83 milhões de menções) favoráveis à operação da PF e 41,3% (4,81 milhões de menções) com sentimento contrário. Também foram registrados 2 milhões de menções de caráter neutro, 17,2% do total.

Os favoráveis à ordem assinada por Alexandre de Moraes usaram termos como “chega de impunidade” e “a justiça está funcionando”, enquanto os apoiadores de Bolsonaro usaram as expressões “injustiça”, “vergonha” e “vingança”.

Base de Bolsonaro menos mobilizada

Embora o ex-presidente mantenha 26,8 milhões de seguidores em seu perfil oficial, os dados mostram uma queda de 23,6% nas interações nas redes dele. Para Maracajá, isso é um indicativo de que seu público segue os acontecimentos, mas está menos reativo.

“Há uma erosão do engajamento emocional, uma espécie de exaustão narrativa. Mesmo com a base digital ainda mobilizada, ela já não responde com a força e a velocidade de outrora”, apontou o especialista.

Impedido por Moraes de usar as redes sociais, Jair Bolsonaro teve uma estratégia pulverizada de reação nas redes. Perfis como os de Michelle Bolsonaro e Flávio Bolsonaro rapidamente assumiram o papel de falar aos bolsonaristas.

Os dados da Ativaweb revelam ainda que houve uma explosão do interesse por termos como “tornozeleira eletrônica”, “PF em casa de Bolsonaro”, “STF golpe” e “Bolsonaro proibido de usar redes”. O tráfego de buscas sobre esses temas se intensificou em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais.

De acordo com a agência, as bolhas ideológicas não apenas colidiram, mas vazaram e se confrontaram nos trending topics. Ou seja, a polarizacão segue intensa, mas com uma nova dinâmica.

“O ciclo automático de resposta do bolsonarismo dá sinais de saturação. A direita continua com força de mobilização, mas já não controla sozinha os algoritmos. A esquerda e o centro institucional furaram as barreiras digitais e começaram a ditar parte do ritmo da narrativa”, afirmou Maracajá, para quem o episódio embaralhou a lógica das bolhas e deixou o algoritmo mais aberto à disputa.