Ravel Andrade destaca atualidade de série sobre Raul Seixas: ‘Mundo muito careta’

'Raul Seixas: Eu Sou' estreia quinta-feira, 26 de junho, na semana em que o astro baiano completaria 80 anos

Ariela Bueno
Ravel Andrade é Raul Seixas na produção Foto: Ariela Bueno

Intérprete de Raul Seixas na série da Globoplay sobre a vida do cantor, “Raul Seixas: Eu Sou”, Ravel Andrade destacou a importância do projeto nos dias de hoje. Prestes a estrear na produção, o ator relembrou, nesta segunda-feira, 23, a visão progressista do artista e contou ainda o que ele lhe ensinou sobre a paternidade.

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Criada por Paulo Morelli, que divide a direção com Pedro Morelli, e produzida pela O2 Filmes, a obra conta com oito episódios que estreiam na íntegra nesta quinta-feira, 26, na semana em que o astro baiano completaria 80 anos.

“Os discursos libertários do Raul são o ponto alto da série também. Essa parceria dele com o Paulo Coelho, e eles ali, vivendo em plena ditadura e falando aquelas coisas que, hoje em dia, parecem absurdas”, conta Ravel durante bate-papo com a imprensa, do qual a IstoÉ Gente participou. 

“Essas ideias são muito interessantes pra entrar na cabeça da juventude, porque a gente, o mundo foi ficando muito careta. Lá atrás, os malucos eram muito mais doidos do que a gente, ficavam pensando em coisas muito mais transgressoras”, continua. “Vai ser incrível se as pessoas absorverem, se a juventude absorver novamente esses discursos.”

Pai de Yolanda, fruto do seu relacionamento com a atriz Andréia Horta, Ravel explica que a própria paternidade do cantor o ensinou sobre a importância de estar presente na vida da filha. Em uma faceta pouco conhecida pelo grande público, Raul teve um lado bastante família: ele deixou três filhas – Simone, Scarlet e Vivian – antes de morrer, em 1989.

“É um dos pontos da série em que a gente mostra o Raul mais vulnerável e triste, essa ruptura que ele tem com as filhas. No início do processo, a gente [ele e Andréia] havia perdido o nosso primeiro neném com pouquíssimas semanas”, detalha.

“Eu convivi durante a série com essa espécie de trauma. Então foi uma espécie de cura ali também, nesse processo do Raul tendo essas filhas, essa relação truncada dele com elas. Todos os relatos que tem das filhas mostram que ele era um cara amoroso, que tinha uma certa presença ali na criação. Ele gostava, ele era um cara muito amável, que se preocupava com essas filhas, que cuidava delas também.” 

“Essa coisa de ter perdido um neném e estar ali fazendo a série também me fez pensar sobre muitas coisas, sobre a vida, sobre a finitude da vida, sobre o quanto é um presente também poder ter um filho, e o quanto a gente tem que cuidar dessa criança, para essa criança sobreviver e vir para o mundo, e praticar o amor, e praticar o respeito. O Raul me ensinou muito sobre paternidade”, finaliza.

** Estagiária sob supervisão