(Reuters) – O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse nesta quarta-feira que não há uma orientação da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para buscar a troca do comando do Banco Central, e reiterou que não há iniciativas no Legislativo para alterar o status de independência formal da autoridade monetária.

Em entrevista à GloboNews, Randolfe disse ainda que o governo quer debater a taxa de juros com o BC, em meio às duras críticas públicas feitas pelo presidente à política monetária, afirmando por exemplo não existir justificativa para o atual patamar da taxa Selic e classificando as justificativas do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre o assunto como “uma vergonha”. Lula também se referiu ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, como “esse cidadão”.

“Eu posso falar isso taxativamente, não existe nenhuma orientação do governo neste sentido, não existe nenhuma matéria neste sentido, não existe nenhum debate na Comissão de Assuntos Econômicos que vai ser reinstalada dentro em pouco no âmbito do Senado, a CAE não pauta e não tem isso no horizonte”, disse o líder à emissora, reiterando ao mesmo tempo as críticas de Lula ao atual patamar dos juros.

“Então, esse debate não está pautado no âmbito do Congresso. O que está pautado no âmbito do Congresso, apresentado pelo presidente, é uma irresignação, é um incômodo –eu vou mais além– é a não aceitação dessa taxa de juros como é e tentar amplamente dialogar sobre os mecanismos para nós termos em médio prazo a redução dessa taxa de juros.”

Na terça-feira, o Copom divulgou a ata de sua reunião da semana passada que decidiu manter pela quarta vez seguida o juros em 13,75% ao ano.

O colegiado avaliou que a revisão do arcabouço fiscal do país diminui a visibilidade sobre as contas públicas para os próximos anos, insere prêmios nos preços de ativos e impacta as expectativas de inflação. O documento aponta ainda que alguns membros do Copom notaram que a execução do pacote apresentado pelo Ministério da Fazenda deveria atenuar o risco fiscal e que será importante acompanhar sua implementação.

A ata do Copom foi classificada como “mais amigável” pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas não foi suficiente para fazer Lula parar as críticas ao BC. O presidente pediu em café da manhã com a mídia alternativa que o Senado seja “vigilante” com o BC, ao passo que Campos Neto exaltou a importância da independência formal da autoridade monetária.

Randolfe disse à GloboNews que o governo quer dialogar sobre a taxa de juros e garantiu que o Congresso aprovará medidas que levem à sua redução, como a reforma tributária.

“O atual presidente do Banco Central tem mandato e irá cumprir seu mandato, e até lá nós não deixaremos, do lado de cá, de manifestar o incômodo com essa taxa de juros e buscar de forma prática todos os caminhos e meios para a redução dela”, disse.

“Não existe, no âmbito do Congresso, nenhuma matéria de revisão do status que hoje temos no Banco Central”, reiterou.

(Por Eduardo Simões)

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