O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) declarou em interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal) que “não tem” provas de fraude nas urnas eletrônicas nas eleições de 2022.
Em mensagens interceptadas pela Polícia Federal nas investigações de uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, Ramagem disse ao ex-presidente que houve irregularidades no pleito em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito.
Conforme as acusações da corte, a tentativa de colocar o sistema eleitoral em xeque foi uma das estratégias do parlamentar e dos outros 30 réus pela trama golpista para manter acampamentos mobilizados em frente a quartéis do Exército e questionar a vitória do petista.
Diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sob Bolsonaro, Ramagem afirmou que o órgão “nunca tentou provar fraude em urnas” e as mensagens trocadas com o ex-chefe tinham caráter pessoal.
Também interrogado nesta segunda-feira, 9, o tenente-coronel Mauro Cid confirmou as provas coletadas pela PF e disse que Bolsonaro teve acesso e editou um documento com orientações para a suposta ruptura institucional. Os interrogatórios seguem com outros seis acusados de integrar o “núcleo 1” da trama.
Acompanhe o interrogatório
Ramagem é segundo interrogado; veja lista
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.
Os réus respondem no STF pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
O interrogatório é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre de 2025. Em caso de condenação, as penas passam de 43 anos de prisão.
Por estarem na condição de réus, os acusados podem se recusar a responder às perguntas que possam incriminá-los. A Constituição garante aos investigados o direito de não produzir provas contra si.