As recém-designadas “áreas vermelhas” da Itália, por serem as mais afetadas pelo coronavírus, se preparam para entrar em confinamento na sexta-feira, o que provocou indignação e reações contra o governo, acusado de castigar o coração industrial do país.
A divisão por cores das 20 regiões da península, em vermelho para aquelas com alto contágio, laranja para médio, e amarelo para moderado, anunciada no dia anterior pelo chefe de governo Giuseppe Conte, afeta principalmente as regiões de Lombardia e Piamonte, motores da economia.
Além delas, também estão designadas como vermelhas Calabria e Vale de Aosta, o que levou seus governantes regionais a protestarem.
Nessas quatro regiões só será permitido sair de casa para trabalhar ou ir à escola, enquanto os comércios não-essenciais deverão permanecer fechados, não será permitido sair do próprio município de residência – com algumas exceções – e todos os bares e restaurantes serão fechados.
– Um golpe para Lombardia –
“Economia e saúde não caminham juntos. É verdade que o vírus circula, mas é preciso pensar nos donos de lojas que já sofreram um duro golpe em março e agora estão paralisados”, comentou Fabrizio Duò, de 42 anos, motorista de ônibus.
Confinar a Lombardia, cuja capital é a próspera Milão, é para muitos uma medida grave por suas consequências econômicas.
Os líderes da industrializada região de Piemonte também exigem explicações sobre o novo bloqueio que, segundo eles, foi tomado com base nos dados de 10 dias atrás.
O vírus, que já deixou quase 40.000 mortos no país desde o início da pandemia em março, voltou a se propagar com força em toda Itália, um surto que poderia paralisar o sistema de saúde, com as salas de cuidados intensivos (UTI) se enchendo rapidamente.
Algumas das novas medidas adotadas nesta semana afetam todo o país. As áreas laranjas, ou seja, as regiões de Apulia e Sicília, fecharão os bares e restaurantes durante todo o dia, mas será permitido sair de casa sem justificativa e os comércios permanecerão abertos.
Nas áreas amarelas – o resto do país, incluindo Lazio, onde está Roma -, prevalecem as restrições aprovadas até o momento, com restaurantes e bares que fecham a partir das 18h00 e sem museus, piscinas, teatros e cinemas.
A partir de sexta-feira, os 60 milhões de residentes na Itália deverão respeitar um toque de recolher das 22h00 às 05h00, exceto por motivos de trabalho ou de saúde.
As novas restrições são menos severas que as impostas em outras nações europeias, como Reino Unido e França, e foram tomadas após longas negociações com os líderes regionais.