Raios-X misteriosos em buraco negro intrigam cientistas

ROMA, 13 JAN (ANSA) – Misteriosos flashes de raio-X com frequência cada vez mais rápida têm chamado a atenção de astrônomos para um buraco negro supermassivo a 100 milhões de anos-luz da Terra e com massa 1 milhão de vezes maior que a do Sol.   

Em apenas dois anos, a frequência dos flashes de raio-X aumentou de um a cada 18 minutos para um a cada sete minutos, uma aceleração jamais vista em um buraco negro.   

O estudo, apresentado em um encontro da American Astronomical Society e prestes a ser publicado na revista Nature, traz uma possível explicação para esse fenômeno: a causa poderia ser a presença de uma anã branca, ou seja, o núcleo superdenso de uma estrela já extinta, nas margens do horizonte de eventos do buraco negro, do qual sequer a luz é capaz de escapar.   

Os resultados, obtidos graças ao telescópio espacial XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), foram analisados pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com a contribuição do Instituto de Astrofísica Espacial e Física Cósmica do Instituto Nacional de Física Nuclear de Palermo, na Itália.   

Os pesquisadores levaram em consideração diversos cenários, mas o da anã branca foi o mais aceito: apesar de a extinta estrela estar a alguns milhões de quilômetros do horizonte de eventos, ela é atraída pela força gravitacional exercida pelo buraco negro, mas ainda resiste graças ao pequeno impulso dado pela perda de suas camadas externas.   

“Seria o objeto mais próximo que conhecemos em torno de qualquer buraco negro”, diz Megan Masterson, responsável pelo estudo.   

Caso haja uma anã branca sob os flashes de raios-X, ela também emitiria ondas gravitacionais detectáveis pelos observatórios da próxima geração, como a sonda espacial Lisa, um projeto conjunto da Nasa e da ESA que poderia confirmar ou descartar a hipótese. (ANSA).