A zagueira Rafaelle, capitã do Brasil quando Marta não está em campo e dona de umas melhores atuações da seleção no empate sem gols com a Jamaica, vê de forma positiva uma possível mudança na comissão técnica, hoje liderada pela sueca Pia Sundhage. Para a defensora, vale a pena trocar o comando se o novo nome trouxer algum elemento diferente ao processo de evolução do futebol feminino nacional após a eliminação na Copa do Mundo, nesta quarta-feira.

“Eu acho que temos que pensar no que é melhor para o futebol feminino. Se tiver alguém com mais condição, com mais qualidade, o futebol feminino merece isso”, disse a jogadora na zona mista do Melbourne Rectangular Stadium, na Austrália, em contato com o site GE.

Mais do que o aspecto tático, contudo, o Brasil acumulou muito nervosismo enquanto tentava, sem sucesso, superar a defesa a jamaicana, como destacou Rafaelle. “No segundo tempo, a gente acaba entrando meio no desespero para fazer o gol”, disse. “Fomos nos descontrolando. Por mérito delas, elas defenderam bem. A proposta que elas trouxeram, elas conseguiram”, concluiu.

A zagueira foi questionada sobre a derrota por 2 a 1 para a França, na rodada anterior, após uma falha defensiva na reta final, e o quanto isso teria sido responsável pelo nervosismo desta quarta, mas afastou a relação. “Agora é difícil você analisar, está tudo muito recente. Estou triste, é difícil descrever, não cheguei a pensar. A gente tinha que ganhar. A gente não podia estar se lamentando pelo jogo com a França. (A eliminação) Foi mais por esse jogo, do que pelo jogo da França”.

A lateral-esquerda Tamires, outro nome experiente do grupo brasileiro, também falou na zona mista e tentou, com bastante sobriedade, explicar a derrota. Ela sustentou o discurso de que o Brasil era favorito, em razão da disparidade técnica entre as duas nações, e, diferentemente de Rafaella, viu influência do resultado contra a França sobre o desempenho diante da Jamaica.

“Eu acho que se você parar para pensar, qualquer outro cenário que nós pegássemos a Jamaica, talvez em uma Data Fifa, a gente ganharia. O Brasil foi superior no jogo, é claro que a gente vir para esse jogo tendo que ganhar de qualquer jeito, querendo ou não traz um nervosismo maior. Não conseguimos fazer o gol e fomos ficando mais nervosas ainda. o Brasil lutou até o final, vontade nós tínhamos e sabíamos o que fazer. Acho que, sim, fomos precipitadas em muitos momentos, mas estávamos a todo momento querendo jogar, e a Jamaica muito fechada”, disse a jogadora do Corinthians.

Questionada sobre a continuidade de Pia Sundhage, a lateral de 35 anos foi mais ponderada . “Quando se ganha, se ganha todo mundo. Quando se perde, se perde todo mundo. A gente acreditou até o final nessa comissão, estivemos juntas. Agora, não cabe a mim avaliar a situação. Deixa a gente esfriar a cabeça, superar a eliminação e veremos os próximos passos”.