Rafael Cortez, de 47 anos, compartilhou com seus seguidores do Instagram nesta quarta-feira, 2, um vídeo em homenagem ao irmão mais velho, a quem ele chama carinhosamente de Vitinho, que completa 52 anos.

Em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente, o apresentador e comediante revelou que esta é a primeira vez que ele fala sobre o irmão, que vive no espectro autista, e disse que a relação dos dois é de muito respeito. O artista ressalta, inclusive, que não expõe a vida de Vitinho sem ser em ocasiões muito especiais, como a de hoje, pois não quer invadir a sua privacidade.

“Eu não uso a condição do Vitinho para aparecer na mídia quando a mídia não fala mais de mim”, declara.

“Eu sei que o autismo gera uma curiosidade danada por parte das pessoas e se você é uma pessoa pública, como aconteceu com a minha vida de 2008 para cá, seria muito fácil aparecer mais vezes na mídia e chamar mais atenção das pessoas se eu ficasse me valendo da condição do autismo do Vitinho. Mas eu nunca fiz isso, porque eu sempre fui muito respeitoso com essa particularidade dele”, afirma.

“Eu sou uma pessoa que se expõe, mas eu não sei se o Vitor gostaria de ser exposto. Das reservas e individualidades do Vitor, eu sei que ele, mesmo se não fosse autista, não seria um cara que gostaria de se expor. Tem características das pessoas que a gente identifica independentemente do quadro do autismo”, explica.

Embora tente, junto de sua família, trazer conforto e amor à rotina de Vitinho, Cortez não romantiza a condição do irmão e lamenta o fato de ele ter recebido o diagnóstico tardio.

“O autismo é uma condição muito pouco conhecida ainda. Com o Vitor foi mais duro ainda, porque ele nasceu em 1972. Ele demorou anos para ser diagnosticado como autista, dada a precariedade que havia no estudo do autismo do início dos anos 1970. Hoje em dia, uma criança que nasce autista tem muito mais chance de se desenvolver e se sociabilizar do que o Vitinho teve. O Vitor pagou o preço de ser um autista de seu tempo”, relembrou ele, que esteve ao lado do irmão em todos os momentos ruins.

“A gente pagou esse preço junto. O Vitor nunca foi muito sociável, porque não haviam essas habilidades naquela época, como existem hoje. Não haviam tantos recursos. E os que haviam eram muito fora do nosso bolso. Então, eu aprendi a lidar com muito realismo. Sempre achei difícil, continuo achando difícil”, complementa.

Apesar de ter consciência de todos os obstáculos que o irmão enfrenta, Cortez reconhece o lado bom da relação dos dois.

“Tem muitas dádivas, muitas coisas lindas. Eu só não fico alardeando aos quatro cantos que tudo é uma bênção, porque parte das coisas ligadas ao autismo não vêm como uma bênção, vêm como um desafio. Não estou falando que é um fardo, é um desafio”, justifica ele, pontuando que a vida exigiu de sua família.

“Exigiu da minha família, exige de nós até hoje, exige de mim. Exige especialmente dos meus pais. E mais ainda da minha mãe. Mas é um desafio que hoje está muito mais fácil de assimilar”, comemora ele, exaltando as qualidades de Vitinho.

“Ele está em uma fase maravilhosa, um senhorzinho mais afetuoso do que nunca. E a gente está muito contente dele estar em uma fase boa. Ele parece muito calmo, parece muito feliz.”

E finaliza:

“Respeitamos as individualidades desse rapaz, desse menino, desse homem, dessa criança, desse ser iluminado que é o meu irmão”.