Embora tenha entrado para a história do futebol ao participar de sua quinta Copa do Mundo, Rafa Marquez segue sem poder exibir patrocinadores da federação mexicana nos treinos do Mundial na Rússia, uma medida tomada após o zagueiro ser vinculado ao narcotráfico pelos Estados Unidos.

Na atividades do centro de treinamento do Dínamo de Moscou, Marquez veste uniforme diferente dos companheiros, sem a publicidade de várias marcas que patrocinam a seleção do México.

Consultada pela AFP, a assessoria de imprensa mexicana não quis comentar a atual situação de Marquez, de 39 anos e 144 jogos pela seleção de seu país.

– Sem vínculo com americanos –

Em agosto de 2017, o jogador foi acusado de supostamente ser um laranja do narcotraficante Raúl Flores Hernandez pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

Marquez, que perdeu patrocínios e teve os bens congelados, negou diversas vezes qualquer vínculo com o traficante e iniciou uma batalha na justiça para provar sua inocência.

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Como integra a famosa lista negra do Departamento do Tesouro, que inclui pessoas que supostamente ajudaram a lavar o dinheiro dos cartéis de droga, Marquez está impedido de ter qualquer tipo de relacionamento com empresas, cidadãos e bancos norte-americanos.

Devido a esta circunstância, a inclusão na lista de convocados do México do nome de Marquez, fundamental para o técnico Juan Carlos Osorio como ponte entre elenco e comissão técnica, se tornou um complicado quebra-cabeças.

A medida mais evidente é a ausência de patrocinadores no uniforme de treino. O zagueiro, porém, também não pôde jogar o amistoso de preparação para a Copa do Mundo contra Gales na Califórnia (0-0) e a viagem até a Rússia foi feita seguindo um itinerário que não precisasse fazer escala nos Estados Unidos.

“Consultamos diferentes especialistas e decidimos tomar essas ações que a nosso entender não prejudicariam Rafael Marquez ou a federação”, explicou antes do Mundial Guillermo Cantú, secretário da Federação Mexicana de Futebol (FMF).

“Levamos a sério as ações do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e estruturamos nossas operações na Copa do Mundo para não violar as leis sobre as punições dos Estados Unidos”, completou.

– Longa lista de apoiadores –

“Não tenho nenhuma opinião sobre isso”, respondeu friamente nesta quinta-feira à AFP Miguel ‘Piojo’ Herrera, técnico do México na Copa do Mundo do Brasil-2014, ao ser questionado sobre a situação de seu antigo capitão. “É um homem de recordes, histórico, um símbolo do futebol mexicano”, completou.

“Esse é um tema que temos que deixar de lado. Rafa vem lidando com isso da maneira adequada e mergulhou em cheio na parte esportiva para chegar à Rússia”, afirmou por sua vez o também ex-técnico do México Joaquín Beltrán. “É um cara com liderança, é muito útil para a Copa”, elogiou.

“Independentemente do que aconteceu, é um símbolo de nosso futebol. E é muito respeitado”, concordou o lendário ex-goleiro Antonio Carbajal, integrante do seleto grupo de jogadores que disputaram cinco Copas do Mundo, que conta também com o alemão Lothar Matthäus e ao qual Rafa Marquez acaba de se juntar.

O imbróglio jurídico também não pareceu afetar a moral do veterano zagueiro com a torcida. Os cerca de 40.000 torcedores que compareceram no último domingo ao estádio Luzhniki, em Moscou, reservaram a maior ovação do dia para a entrada de Marquez em campo, nos últimos 15 minutos da surpreendente vitória por 1 a 0 sobre a Alemanha.

Após entrar para a história das Copas, Marquez conversou tranquilamente com a imprensa na zona mista do estádio.


“No México temos uma cultura de sermos muito pessimistas, ninguém dava nada por nós e este grupo se focou para dar a volta por cima”, comentou ao falar sobre as críticas extracampo.

pm/ol/am


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