São Paulo, 14/6 – As compras chinesas de carne bovina brasileira não reduziram as importações do produto por Hong Kong, afirmou o analista do setor do Rabobank no Brasil, Adolfo Fontes. Ele participa nesta terça-feira, 14, do primeiro dia da BeefExpo, evento voltado à pecuária brasileira que reúne especialistas do setor e empresas, com palestras e debates. A habilitação de unidades brasileira para exportar à China neste ano levou a um boom de vendas para o país asiático e, em menos de um ano de reabertura do mercado, a China já é nosso segundo maior comprador no ano. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), em maio, Hong Kong continua na liderança dos países ou regiões que mais importaram carne bovina brasileira, seguido pela China. Para Hong Kong, em maio foram embarcadas no período 28 mil toneladas de carne com faturamento de US$ 96 milhões. Já para a China foram 20 mil toneladas (30% mais que abril), com receita de US$ 84 milhões (aumento de 32% em relação ao mês anterior). “É bom ressaltar que Hong Kong não diminuiu nada as compras de carne do Brasil porque se fala que poderia haver uma substituição”, disse. Antes da reabertura chinesa, muitos embarques de carne bovina brasileira acabavam entrando no país asiático pela zona de livre comércio de Hong Kong e havia uma percepção de que isso poderia diminuir. Sobre os novos players, Fontes destacou a Arábia Saudita que já importou 11 mil toneladas no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano. No ano passado não havia frigorífico habilitado a exportar para o país do Oriente Médio. Ele disse, ainda, que o preço da carne brasileira é atualmente o mais competitivo no mercado internacional e que mesmo com um dólar entre R$ 3,40 e R$ 3,50 ainda permanecerá competitivo. Em compensação, a qualidade da carne brasileira ainda não é bem-vista globalmente. “Qualidade da carne brasileira ainda é considerada abaixo da do Uruguai, Argentina e Austrália”, disse. Para ele, abrir o mercado para os Estados Unidos seria um caminho para mudar isso. Ele também citou que campanhas de marketing poderiam auxiliar na mudança desta imagem que, para ele, não condiz com a realidade.