Uma das supostas vítimas de R. Kelly declarou a um tribunal em Nova York nesta quinta-feira (26) que o cantor se considerava um “gênio” artístico que poderia se comportar como quisesse, e se comparou ao roqueiro Jerry Lee Lewis, que se casou com uma menina.

Stephanie afirmou ter tido um relacionamento de seis meses com Kelly aos 17 anos, em 1999, e lembrou de uma conversa em que o artista de R&B disse que preferia “meninas novas” e não entendia por que isso “importava tanto para as pessoas”.

“Veja Jerry Lee Lewis. Ele é um gênio e eu sou um gênio. Devíamos ser capazes de fazer o que queremos”, teria dito Kelly sobre o influente e polêmico pioneiro do rock que se casou com uma prima de segundo grau de 13 anos na década de 1950. “Veja o que demos ao mundo.”

Stephanie, agora com 39 anos, é a terceira a acusar Kelly em um tribunal federal do Brooklyn, onde ocorre o julgamento por associação criminosa, exploração sexual de menores, sequestro, suborno e trabalho forçado entre 1994 e 2018.

A mulher garantiu que conheceu o cantor em Chicago. Ela descreveu os encontros íntimos com Kelly como “humilhantes” e alegou que uma vez foi forçada a fazer sexo oral em um carro com outras pessoas a bordo, e que o artista costumava deixá-la sozinha e nua em um quarto por horas.

Ela decidiu parar de vê-lo quando fez 18 anos. “Eu me sentia usada, humilhada e degradada”, revelou.

As primeiras duas semanas do julgamento incluíram testemunhos dolorosos sobre a extensa rede de abusos físicos, sexuais e emocionais a que Kelly supostamente sujeitou suas vítimas por mais de duas décadas.

O cantor, agora com 54 anos, nega as acusações e pode pegar entre 10 anos de prisão e prisão perpétua se for considerado culpado de todas as acusações. O julgamento deve durar pelo menos um mês.