Cerca de 500 indígenas e camponeses do Equador saíram em passeata nesta sexta-feira (9) pela cidade andina de Latacunga, em protesto contra a violência do narcotráfico no país.

“A criminalidade começa a atacar nas comunidades”, apontou a governadora da província de Cotopaxi, Lourdes Tibán. Segundo ela, diante dessa situação, os moradores aplicarão a justiça indígena, reconhecida pela Constituição segundo as suas tradições, por meio da qual pessoas acusadas de diferentes crimes são açoitadas, banhadas com água gelada e queimadas vivas em público.

A manifestação, que ocorreu de forma pacífica e se dirigiu à sede do governo local, mostrou o descontentamento da população com a crise de segurança no país.

Grupos do narcotráfico ligados a cartéis do México e da Colômbia espalham o terror com seus massacres carcerários e sua violência nas ruas, onde a taxa de homicídios passou de 6 para 46 por 100.000 habitantes entre 2018 e 2023.

Quadrilhas do narcotráfico se infiltraram há anos nas funções públicas, como a área da justiça, e converteram o Equador em um centro de operações estratégico para o envio de cocaína aos Estados Unidos e à Europa.

Os manifestantes também protestaram contra a política do presidente Daniel Noboa, que tem como finalidade obter recursos para a sua luta contra as organizações do narcotráfico.

Noboa, que tomou posse em novembro, propôs um aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) como uma das alternativas para financiar o combate ao que chamou de terrorismo, o que os povos nativos rejeitaram.

A iniciativa também foi rechaçada no Congresso, onde o governismo é minoria. Ainda assim, Noboa insistiu em sua proposta de aumento.

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