Em “Quero Ser John Malkovich” (1999), um portal secreto permite entrar no cérebro do ator citado no título e ver o mundo a partir de sua perspectiva. No ano em que o filme foi lançado, Steve Jobs (1955-2011) reassumiu o cargo de CEO da Apple, empresa que havia fundado em 1976 e da qual se desligara depois de uma sucessão de lançamentos mal sucedidos. A partir da quinta-feira 15, essas duas histórias se cruzam. Assim como em “Quero Ser John Malkovich”, a vida do inventor do iPhone, com suas ideias mirabolantes, sucessos e fracassos poderão ser vistos na exposição “Steve Jobs, o visionário”, que ocupa o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, até 20 de agosto.

A mostra reúne 209 itens, entre fotografias, reportagens, objetos pessoais, filmes e produtos históricos que revelam como 21funcionava a mente de um dos homens mais criativos de nosso tempo. Para dar conta de todas as facetas desse complexo personagem, a exposição é dividida em seis “células narrativas”. Somadas, elas permitem compreender como Jobs via o mundo e de que maneiras ele trabalhou para aperfeiçoá-lo. “Steve Jobs buscava apresentar tecnologias inovadoras através de uma interface fácil para o usuário”, diz Marco Guidone, presidente da FullBrand Brasil, que trouxe a exposição para o País. “Sua visão de mercado estava atrelada não apenas à forma de consumo, mas principalmente ao conteúdo de alta qualidade e criatividade”. Ao tornar os computadores amigáveis a ponto de caberem no bolso, dotados de telas sensíveis ao toque e capazes de rodar os mais variados aplicativos, Steve Jobs criou uma revolução tecnológica da qual hoje somos todos beneficiários.
Nascida na Itália, a exposição instalada no MIS ganhou novos elementos. “O formato original era focado em produtos da Apple. A história que a gente conta é bem maior”, diz Eduardo Sallouti, sócio da FullBrand. Entre os acréscimos está o aplicativo gratuito meCult, que pode ser usado como guia de áudio e mapa das atrações — além de permitir que o visitante leve para casa alguns conteúdos extras. Outra novidade é o uso de tecnologias imersivas e interativas em 3-D, com uso de óculos de realidade virtual.

Música e cinema

A primeira célula abrange “Espiritualidade”, com itens ligados ao budismo e uma videoinstalação sobre a escolha do nome Apple. O roteiro segue com “Inovação”, “Competição”, “Fracasso”, “Negócios” e “Sonho” — área que mostra o trabalho da Pixar, o estúdio de animação adquirido por Jobs em 1986 e que lançou desenhos como “Toy Story”, “Carros” e “Procurando Nemo”. É interessantes notar que o encantamento de Jobs pelo cinema veio depois do fracasso da Next, a empresa que montou ao sair da Apple. “Ele havia criado um computador poderoso para o qual não encontrou mercado, e soube usá-lo para produzir filmes de animação”, diz Sallouti. Somando os sucessos da Pixar e do iTunes, (maior plataforma para a venda de músicas do mundo, com 25 bilhões de downloads entre 2003 e 2013), os resultados de Steve Jobs na indústria do entretenimento quase equivalem ao de seus negócios bilionários no mundo da informática.

DUELO Painel mostras rivalidade entre Jobs e Bill Gates, da Microsoft
DUELO Painel mostras rivalidade entre Jobs e Bill Gates, da Microsoft (Crédito:Divulgação)

“O que Steve Jobs imaginou e desenvolveu foi uma revolução cultural surpreendente, causando impacto direto e mudanças em atividades humanas como economia, criatividade, informação, mobilidade e entretenimento”, diz Cecilia Botta, curadora da mostra. Conhecer melhor as ideias do homem que mostrou ao mundo a importância de ser criativo, colocando toda a energia para viabilizar as próprias ideias, é a grande contribuição de “Steve Jobs, o visionário”.

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