Pense em uma atleta com o moral elevado no Japão. Essa é a tenista Naomi Osaka, de 23 anos. Ela está tão em alta no país-sede dos Jogos Olímpicos que a sua estreia foi adiada para que pudesse acender a pira olímpica na cerimônia de abertura e tivesse um dia de descanso.

Neste domingo, mais do que a fácil vitória sobre a chinesa Zheng Saisai em sua estreia nos Jogos, chamou atenção a idolatria a Osaka. Sem público nas arquibancadas, ela era aplaudida a cada boa jogada por jornalistas, funcionários, voluntários e até membros da delegação rival.

Tenista número 2 do ranking mundial, ela mora nos Estados Unidos desde a infância – inclusive comemora os seus pontos com gritos em inglês de “come on” (vamos!) -, mas ainda assim tem forte identificação com os torcedores locais após superar críticas de que não seria “suficientemente japonesa” para representar o país. Osaka é a “queridinha” da torcida japonesa e faz muito sucesso também devido a sua postura combativa e transparente. Filha de pai haitiano e mãe japonesa, foi a primeira japonesa a conquistar um Grand Slam, em 2018. Depois, ainda faturaria mais três troféus.

A partida deste domingo foi a primeira de Osaka depois de dois meses parada. A tenista não jogava desde Roland Garros, em maio, quando abandonou o Grand Slam francês após ser multada por não participar da entrevista obrigatória no regulamento. Osaka expôs que sofria de ansiedade e depressão e, por isso, precisava cuidar da sua saúde mental, jogando luz em um tema que ainda é tabu para muitos atletas.

Por isso, o seu retorno às quadras não foi tão fácil. A própria Osaka admitiu que estava bastante nervosa neste domingo. Mas, soube superar a falta de ritmo e também voltou a encarar os jornalistas pela primeira vez ao dar entrevista para comentar a sua atuação no jogo. Somente dentro da quadra da Ariake Arena foram três entrevistas em sequência.

“Mais do que tudo, estou apenas focada em jogar tênis. Jogar a Olimpíada é um sonho desde a infância, então sinto que a pausa que fiz foi muito necessária. Agora, me sinto definitivamente revigorada e feliz novamente”, disse com um largo sorriso.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

A estreia nos Jogos também foi especial para Osaka porque havia cerca de dois anos que ele não disputava uma partida em solo japonês. Nem mesmo o sufocante calor que tem sido motivo de reclamação de muitos jogadores em Tóquio a incomodou. “É uma sensação boa para mim. Amo estar aqui e, na verdade, gosto muito do clima”, disse ela.

Após o jogo, japoneses quebraram o protocolo, abriram mão do distanciamento social e se aglomeram na entrada do túnel que dava acesso aos vestiários. Tudo para reverenciar a tenista com aplausos e o tradicional “ojigi”, gesto de curvar o tronco e abaixar a cabeça em respeito ao outro.

Assim, Osaka saiu da condição de forte candidata à medalha de ouro para super favorita. Se antes o caminho estava mais fácil devido às ausências da romena Simona Halep e das norte-americanas Serena e Venus Williams e Coco Gauff, ficou ainda mais livre neste domingo com a eliminação precoce da número um do mundo, a australiana Ashleigh Barty, que caiu logo na estreia diante da espanhola Sara Sorribes.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias