O estudo Personality and Social Psychology Bulletin, publicado pela consultoria internacional SAGE, apontou que pessoas que consideram a própria casa bagunçada demais têm mais tendência ao cansaço ou depressão. Outra pesquisa da empresa sobre comportamento concluiu que uma cozinha mal organizada resulta em más escolhas alimentares. Já o relatório do The Journal of Neuroscience, da Sociedade Norte-Americana de Neurociência, sugere que “organizar o ambiente pode aumentar a capacidade mental”.

Organizar a vida e os ambientes de convivência, na casa ou no trabalho, não é tarefa fácil. Falta tempo, incentivo e, muitas vezes, conhecimento. Com a popularização do home office, a situação ficou ainda pior: é por isso que, cada vez mais, pessoas vêm procurando especialistas conhecidos como personal organizers para dar um jeito na vida.

Nos EUA, o mercado movimentou mais de US$ 10 bilhões em 2020, segundo a publicação A Casa Minimalista, de Joshua Becker. No Brasil, estima-se que cerca de três mil profissionais oferecem esse tipo de serviço, de acordo com dados do congresso Personal Organizer Brazil.

Com especialização em organização pós-mudança pelo Senac, Sheila Marques iniciou a carreira há sete anos. Sua base é no Rio de Janeiro, mas atua em outros estados e até fora do País. Hoje já soma mais de 200 clientes, além de mentorias, consultorias, aulas, palestras e workshops sobre o tema.

Casas, ambientes corporativos e até containers de figurinos de artistas entram nessa conta, além de enxovais de bebê e mudanças de residências. Antes voltado apenas à classe A, o mercado vem mudando. “É como o personal trainer”, compara Sheila. “Minha proposta é levar a organização para todo mundo, transformando o que incomoda a pessoa e aplicando funcionalidade ao dia a dia do cliente.”

Ela atende desde pequenos apartamentos a residências que possuem um closet por morador. “É tudo personalizado”, define.

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O relações públicas Márcio Vieira: mudanças levaram à economia de tempo e rotinas mais dinâmicas (Crédito:Divulgação )

Formada em psicologia, a profissional explica que há quatro etapas no processo:
A seleção do que fica ou sai — decisão sempre tomada em conjunto com o cliente —,
categorização,
organização,
identificação.

“A casa passa a transmitir leveza e paz. Não é raro ouvir os clientes dizerem que parece que tirei um peso da vida deles”, diz ela.

Sheila lembra ainda que beleza é fundamental: a disposição das cores em um guarda-roupa, por exemplo, é essencial para um resultado satisfatório. “Já atuei na casa de acumuladores e fiz palestras abordando a importância de manter o ambiente clean para reduzir a ansiedade e aumentar o bem-estar. A transformação é enorme: ver um lar organizado é como pintar uma tela em branco. É preciso respeito e cuidado no atendimento, pois são os objetos de outra pessoa, seus documentos, suas lembranças”, diz ela.

Casa e mente sã

Há 13 anos a especialista em organização pessoal Marie Kondo lançava o livro A Mágica da Arrumação. Na última década, o aumento de programas e documentários sobre o assunto — Santa Ajuda (GNT) e The Minimalists e Ordem na Casa com Marie Kondo (Netflix), entre outros — instigou a curiosidade de um público ainda maior. Pessoas como a empresária Mônica Francisco Pereira, que recebe a visita de Sheila a cada três meses: “Ela organiza minha mente e minha vida, assim consigo manter tudo mais harmônico”, diz ela.

Graças à rotina dinâmica, Márcio Vieira, relações públicas internacional, também apostou no trabalho da personal organizer. “O que eu levava três horas, hoje faço em dez, quinze minutos. E fica perfeito”, afirma o RP. Ele recomenda o serviço para todos. “Nessa correria da vida moderna, ter tempo é fundamental. É um tipo de trabalho que deveria estar no topo da lista de prioridades de qualquer pessoa.”