As negociações para debater medidas contra a poluição causada por plásticos começaram nesta segunda-feira (13) no Quênia, com a participação de representantes de 175 países.

Os países participantes se comprometeram no ano passado a concluir em 2024 um tratado apoiado pela ONU para enfrentar o drama dos plásticos, onipresentes nos oceanos, montanhas e mesmo no corpo humano.

“A contaminação por plásticos continua inundando nossos oceanos, danificando a vida selvagem e se infiltrando em nossos ecossistemas”, denunciou o peruano Gustavo Meza-Cuadra Velásquez, presidente do Comitê Internacional de Negociação (INC) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, no início das negociações na capital queniana, Nairóbi, que terminarão no domingo.

“Trata-se de uma ameaça direta ao nosso meio ambiente, à saúde humana e ao delicado equilíbrio de nosso planeta”, afirmou.

Os negociadores já haviam celebrado duas reuniões anteriores, mas a de Nairóbi inclui pela primeira vez a discussão de um rascunho de trabalho publicado em setembro, que cita formas de atacar o problema dos plásticos, fabricados a partir de combustíveis fósseis.

– “Ameaça existencial” –

A contaminação por plásticos é “uma ameaça existencial para a vida, para a humanidade”, afirmou o presidente do Quênia, William Ruto.

Embora exista um consenso amplo sobre a necessidade de um tratado, as diferenças sobre os métodos são importantes. Vários países e ONGs defendem proibir os plásticos de uso único e impor normas rígidas que limitem a fabricação de plásticos novos, entre outras medidas.

Outros países, ao contrário, preferem melhorar a gestão de resíduos plásticos e reciclagem, em vez de cortar drasticamente a produção. Entre esses países estão China, Estados Unidos, Arábia Saudita e outros membros da Opep, todos eles dotados de indústrias petroquímicas muito potentes.

Apesar da consciência crescente sobre o problema que representa, a quantidade de plásticos novos segue crescendo. Seguindo o ritmo atual, a produção anual pode triplicar em quatro décadas e apenas menos de 10 % é reciclada.

Os plásticos também contribuem para o aquecimento global e em 2019 representaram 3,4% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, segundo dados da OCDE.

A reunião na capital do Quênia é a terceira de cinco sessões de um processo que pretende concluir as negociações no próximo ano, com a uma adoção do tratado contra os plásticos em meados de 2025.

A reunião ocorre a poucos dias do início, em 30 de novembro em Dubai, da grande conferência anual da ONU sobre o clima, a COP28. A agenda estará precisamente dominada pelo debate sobre o futuro dos combustíveis fósseis, que contribuem para a mudança climática.

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