BRASILEIROS DO ANO
Marcos Mion – Comunicações

Marcos Mion é um gênio da comunicação de massa. É da estirpe de Chacrinha, Silvio Santos, Fausto Silva, Gugu Liberato. É um sujeito que sustenta a atenção de qualquer auditório sem forçar a barra, só no gogó e com boas sacadas. Falar com todos os públicos e trazer-lhes alegria e diversão rápida é sua vocação, uma de suas razões de viver. Em 24 anos de carreira na TV soube ser criativo e engraçado em situações adversas, com baixos custos de produção, e nunca perdeu a capacidade de surpreender seus espectadores e marcar sua identidade nos programas que comandou. Não tem grilos, preconceitos, é respeitoso com o próximo e demonstra ser um de nós. É simples e comporta-se de forma despojada, embora tenha uma origem abastada. Em um Caldeirão recente, teve a sacada, por exemplo, de trazer o cantor Supla, com quem brinca desde os tempos de MTV por conta dos “Piores clipes do mundo”, como convidado e atingiu o pico de audiência no horário. Também foi trabalhar de chinelo outro dia. Ou de bermuda. Mion está sempre numa boa.

Em quatro meses à frente do programa, que assumiu no lugar de Luciano Huck, Mion reinventou o Caldeirão completamente. Em entrevista à ISTOÉ, o apresentador disse que vive o grande momento de sua vida profissional e que está conquistando o que sempre sonhou: o protagonismo no fim de semana da Globo. Acha também que estabeleceu uma química perfeita com sua equipe de trabalho nessa nova fase, chegando de peito aberto, sem qualquer fingimento e “deixando a felicidade transbordar”. “É realmente um fenômeno o que está acontecendo, essa aprovação de público, de crítica, de audiência, de comercial, é uma coisa que acontece raras vezes em qualquer lugar. Dificilmente você tem uma aprovação que vem de todos os lados”, diz Mion, intrigado com o próprio sucesso. “Cheguei à conclusão que não existe uma fórmula, mas é minha conjuntura de vida. Se eu não saísse da Globo em 1998 e não tivesse ido para a MTV, não teria enraizado em mim a ousadia que hoje consigo imprimir no Caldeirão, que chama a atenção das pessoas. A história da minha vida me moldou da forma que sou hoje”.

Ao longo da carreira, Mion sempre foi capaz de trazer sua marca pessoal para os programas que comandou, tratando o espectador com respeito e incorporando inovações e soluções divertidas, como seu cover Mionzinho, inventado nos tempos da MTV. Mais recentemente, brilhou na Fazenda, na Record, entre 2018 e 2020, e só deixou a emissora demitido de maneira repentina. Sobre o Caldeirão, diz que recebeu tudo pronto do diretor de variedades da Globo, Boninho. “O novo formato está totalmente em linha com minhas idéias e objetivos”, afirma. Agora, Mion recebeu carta branca de Boninho para fazer brincadeiras com o Big Brother 2022, que começa em janeiro, o que deve render brincadeiras surpreendentes e boas risadas. Sem dúvida, com o novo apresentador o Caldeirão ganhou fôlego e vitalidade. Com seu humor espontâneo e escrachado, Mion é mestre na arte do improviso. E, para completar, os anunciantes adoram ele.

O ativista do autismo

Marcos Mion costuma dizer que sem seu filho Romeo, de 16 anos, ele não seria metade da pessoa que é. Graças ao garoto, ele diz ter conseguido evoluir emocionalmente e elevar sua alma. “Os autistas têm uma pureza muito grande. Se o amor tomasse a forma humana, seria meu filho Romeo”, diz. Por causa da experiência familiar, Mion se tornou, junto com a esposa, Suzana Gullo, um grande defensor dos direitos das pessoas com Transtorno de Espectro Autista (TEA), que sofrem com a invisibilidade na sociedade e não recebem a atenção que merecem. Graças aos seus esforços, foi aprovada no Senado, no ano passado, a Lei Romeo Mion, que cria a Carteira de Identificação das Pessoas Autistas, emitida gratuitamente. A lei também estabelece que os indivíduos nessa condição terão prioridade no atendimento em estabelecimentos públicos e privados e obriga os cinemas a realizar sessões especiais para esse público uma vez por mês.