As autoridades da área da segurança pública do Rio de Janeiro muito prometeram mas não apresentaram, até meados de novembro, uma resposta concreta sobre as execuções da vereadora e defensora dos direitos humanos Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Como o crime aconteceu na noite de 14 de março e até agora reina a impunidade, é muito provável que iniciemos 2019 sem resposta para a pergunta que vai no título — e esse será um dos grandes desafios colocados a Sergio Moro em uma das áreas sob o guarda-chuva do seu super-ministério, a da Segurança. A polícia civil demorou oito meses para exibir um simples retrato falado que seria do criminoso. E insistiu em que as investigações iam muito bem, mas que não se podia dar informações para “não prejudicar o seu andamento”. Toda vez que quem investiga fala isso, é porque não tem mais de um par de sete nas mãos. A Polícia Federal entrou na história, mas com a finalidade de averiguar se alguém está atrapalhando as investigações. Essa é a prova maior de que as coisas podem estar caminhando para a impunidade. O ex-PM Orlando Araújo foi preso e declarou ao MP que a polícia o constragia para assumir o crime. Em dezembro, diversos milicianos foram detidos, acusados também de envolvimento com o crime.

Intervenção no Rio de Janeiro

MEDO: Michel Temer colocou o Exército nas ruelas e becos dos morros do Rio de Janeiro: ação improdutiva (Crédito:WILTON JUNIOR/ESTADÃO )

Termina no último dia do ano a validade do decreto de Michel Temer impondo a intervenção militar no Rio de Janeiro — ele foi assinado em 16 de fevereiro. Qual o resultado positivo? Aquele que todo o Brasil sabia: nenhum. Quais os resultados negativos? Vamos a eles. O general Eduado Villas Bôas, comandante do Exército, repetiu inúmeras vezes que as Forças Armadas não possuem treinamento para enfrentar bandidos. Temer não o escutou. E o que se temia ocorreu: aumentou sensivelmente a frequência de tiroteios e continuou alto o números de crianças mortas pelas chamadas balas perdidas. Seis soldados do Exército foram mortos por traficantes (e não se viu um único grupo de direitos humanos lamentando o fato). Alguns recrutas se bandearam para o lado dos delinquentes. Espera-se que o Brasil tenha aprendido definitvamente: a função constitucional das Forças armadas não é subir e descer morro atrás de bandido.