O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, nesta sexta-feira, 8. Ele é delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Gritzbach fechou acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril. Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que equipes do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Delegacia de Atendimento ao Turista (DEATUR) estão no aeroporto de Guarulhos e atuam para esclarecer as circunstâncias do crime.

Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em São Paulo, envolvendo os negócios da facção paulista na região do Tatuapé, bairro da zona leste paulistana.

Acusado pelo PCC de ter dado um desfalque de R$ 100 milhões em bitcoins nas finanças da facção, Gritzbach resolveu apresentar sua versão sobre os negócios do crime organizado no futebol ao assinar um acordo de delação premiada com o Gaeco. Um de seus anexos é o chamado PCC Futebol Clube. A delação foi proposta pela defesa em setembro de 2023. O Gaeco concordou com a delação e o acordo homologado pela Justiça em abril de 2024.

No acordo de delação, Gritzbach entregou documentos sobre quatro empreendimentos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo no bairro do Tatuapé. A região é onde a cúpula do PCC tem comprado imóveis e levado uma vida de luxo, como mostram reportagens do Estadão. A construtora é alvo de investigação do Ministério Público Estadual sob a suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas do PCC na região do Tatuapé.

Segundo a delação premiada, executivos da Porte receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto. Os bandidos também teriam lavado dinheiro adquirindo casas na Riviera de São Lourenço, litoral norte do Estado. Além disso, são suspeitos de pagar propinas milionárias a policiais civis.

Outro lado

Após a conclusão deste texto, a assessoria da Porte Engenharia e urbanismo enviou os seguintes esclarecimentos:

– Antônio Vinícius Lopes Gritzbach nunca foi diretor da Porte. Atuou na empresa como corretor de imóveis entre 2014 e 2018;

– A Porte não é investigada pelo Ministério Público;

– A Porte jamais tolerou qualquer atividade ilícita de qualquer colaborador e se dispôs a oferecer auxílio documental às autoridades competentes sobre as ações do ex-corretor no período em que atuou na empresa.